31 outubro 2024

Formação periódica de supergrupos

Bernard Campbell

O grupo típico de vinte a trinta indivíduos, característico de quase toda a pré-história humana, sofreu uma indubitável alteração com o aumento da dependência dos recursos periódicos não granjeados. Pelo menos durante a época de caça, ter-se-ão reunido grupos bastante maiores, visto que, se se considerarem as mulheres, os idosos e os indivíduos do sexo masculino muito jovens e, ainda, se se deitarem contas às baixas devidas a morte ou a doença, um grupo de vinte e cinco elementos, digamos, incluiria apenas escasso número de caçadores. A agregação em grupos bastante maiores terá representado um requisito imprescindível ou, pelo menos, um requisito periódico imprescindível.

Fonte: Campbell, B. 1988 [1983]. Ecologia humana. Lisboa, Edições 70.

29 outubro 2024

A teoria dedutiva da troca

George C. Homans

1. Preposição de estímulo. – Se no passado a ocorrência de um estímulo particular, ou conjunto de estímulos, deu ensejo a que a ação de uma pessoa fosse recompensada, então, quanto mais os estímulos atuais se assemelharem aos do passado, mais provavelmente a pessoa deverá desempenhar a ação, ou alguma ação similar, agora.

2. Preposição de sucesso. – Para todas as ações empreendidas pelas pessoas, quanto mais frequentemente uma determinada ação de uma pessoa for recompensada, mais provavelmente a pessoa deverá desempenhar essa ação.

3. Preposição de valor. – Quanto mais valioso for para uma pessoa o resultado de sua ação, mais provavelmente ela deverá desempenhar a ação.

4. Preposição da privação-saciedade. – Quanto mais frequentemente uma pessoa tiver no passado recente recebido uma determinada recompensa, menos valiosa se tornará para ela qualquer ulterior unidade dessa recompensa.

5a. Preposição de agressão-aprovação. – Quando a ação de uma pessoa não recebe a recompensa que ela esperava ou a punição que não esperava, ela ficará zangada; mais provavelmente ela desempenhará comportamento agressivo, e os resultados de tal comportamento se tornarão mais valiosos para ela.

5b. Quando a ação de uma pessoa recebe a recompensa esperada, especialmente uma recompensa maior do que a esperada, ou não recebe a punição que esperava, isso lhe agradará; mais provavelmente ela desempenhará um comportamento aprobativo, e os resultados de tal comportamento se tornarão mais valiosos para ela.

Fonte: Skidmore, W. 1976 [1975]. Pensamento teórico em sociologia. RJ, Zahar.

27 outubro 2024

Fiandeira e bordadeira


Marguerite [Anne Rose] Delorme (1876-1946). Fileuse et brodeuse. s/d.

Fonte da foto: Wikipedia.

25 outubro 2024

Terroristas israelenses já assassinaram 43 mil palestinos, incluindo 17 mil crianças


Felipe A. P. L. Costa.

A imagem que ilustra esta nota foi capturada por mim no início da tarde de hoje (25/10). Eu a encontrei na primeira página da edição eletrônica do jornal espanhol El País.

A imagem faz parte de um vídeo publicado pelo jornal. A foto e o vídeo não foram feitos por profissionais do El País. Atribuídos a Mohammed Salem, foram originalmente produzidos pela agência de notícias Reuters. Qualquer veículo de imprensa mundo afora pode fazer o mesmo: adquirir e publicar material jornalístico produzido por quem está no local. Desconheço se algum veículo da grande imprensa brasileira tem correspondente em países árabes ou persas. (As baboseiras que os veículos brasileiros tradicionalmente divulgam sobre o Oriente Médio é o material de propaganda que recebem do governo sionista de Israel.)

Matar crianças e mulheres em Gaza tem sido uma prática diária das forças de Israel. Tentam camuflar o genocídio recorrendo à cínica desculpa de que o território israelense foi ‘covardemente’ atacado por um grupo de terroristas estrangeiros, em 7/10/2023. Assim, em represália à morte e ao sequestro de algumas centenas de cidadãos do país, os terroristas israelenses já assassinaram ao menos 42,8 mil palestinos, 39% (~16,8 mil) dos quais eram crianças (para detalhes, ver aqui).

Temo que muitos leitores brasileiros não saibam disso, mas pilhar recursos dos vizinhos (e.g., água e terras), manipular notícias e matar ‘terroristas’, incluindo bebês de colo, são políticas tradicionais do estado de Israel.

A hipótese que as imagens de hoje da Reuters estão a reforçar é esta: os soldados das forças de Israel são remunerados diariamente em função do número de cadáveres que produzem. Sem cadáveres, sem remuneração. É por isso que não há bala perdida em Gaza: os soldados miram e atiram em qualquer um, de qualquer idade, a qualquer hora.

* * *

Meus livros, meu tesouro

Poh Pin Chin

Ter em casa um livro escrito por outrem é muitas vezes um privilégio e uma benção, mas é também uma responsabilidade: o que será dele no futuro?

24 outubro 2024

Extravagante

Fred Hoyle

Quando eu era jovem, os velhos me consideravam um jovem extravagante, e agora que sou velho, os jovens me consideram um velho extravagante.

Fonte: Horgan, J. 1998. O fim da ciência. SP, Companhia das Letras.

22 outubro 2024

Tipos de crepúsculo

Christopher R. Burn

O crepúsculo ocorre pouco antes da aurora e logo após o ocaso. [...] O crepúsculo civil ocorre quando o centro do Sol está entre 50’ e 6° abaixo do horizonte. À noite, a escuridão nos obriga a interromper as atividades ao ar livre ao final do crepúsculo civil, mas ainda assim não é uma escuridão total. No sul do Canadá, as luzes das ruas em geral só são acesas uma meia hora após o pôr do sol, no final do crepúsculo civil. O crepúsculo dura ainda mais no inverno ártico, pois o Sol nasce e se põe em um ângulo muito mais suave e, por isso, leva mais tempo para cair 6° abaixo do horizonte.

Fonte (tradução livre): Burn, C. R. 1996. The polar night. Inuvik, Aurora College.

20 outubro 2024

Carta de amor

José Régio

Ouve-me!, se é que ainda
Me podes tolerar.
Neste papel rasgado
Das arestas da minh’alma,
Ai!, as absurdas intrigas
Que te quisera contar!
Ai os enredos,
Os medos,
E as lutas em que medito,
Quer dê, quer não dê por isso,
Sem descansar
Um momento...!
Quem sofre – pensa; e o tormento
Não é sofrer, é pensar.
O pensamento
Faz engolir o vómito de fel...
Ouve! se sou cruel
Neste papel queimado
Dos incêndios da minh’alma,
é de raiva de que embalde
Te procure dizer sem falsidade
Coisas que, ditas, já não são verdade...
E procuro eu dizê-las,
Ou procuro escondê-las?
E procuro eu dizer-tas,
Ou procuro a vaidade
De mas dizer, a mim, de modo que mas ouçam
Esses mesmos que desprezo,
E cujo louvor me é caro?
Não me acredites!
O que digo,
Antes ou depois, o peso;
E não!, não é a ti que me eu declaro!
Sei que me não entendes.
Sei que quanto melhor te revelar
O meu mundo profundo,
O fundo do meu mar,
Os limos do meu poço,
O antro que é só meu (sendo, apesar de tudo, nosso)
Menos me entenderás,
Tu..., – a minha metade!
Por isso me não és senão vaidade,
Meu amor!, meu pretexto
Deste miserável texto...
Vês como sou?
Mas sou pior do que isto.
Sabe que, se me acuso, é só por vício antigo
De me lamber as mãos e agatanhar o peito,
De me exibir a Cristo!
Sabe que a meu respeito
Vou além de quanto digo.
Sabe que os males que ora uso,
Como quem usa
Cabeleira ou dentadura,
São a pintura
Que esconde os mais verdadeiros,
De outro teor...
E sabe que sou pior!:
Sabe (se é que o não sabes)
Que ao teu amor por mim foi que ganhei amor.
Que a ti..., sei lá se te amo.
Sei que me deixam sozinho
Ante o girar dos mundos e dos séculos;
Sei que um deserto é o meu caminho;
Sei que o silêncio
Me há-de sepultar em vida;
Sei que o pavor, a noite, o frio,
Serão jardim da minha ermida;
Sei que tenho dó de mim...
Fica tu sabendo assim,
Querida!,
Porque te chamo.
Mas amar-te?!
Não!, minha vida.
Não! Reduziram-me a isto:
Só a mim amo.
Ama-me tu, se podes,
Sem procurar compreender-me:
Poderias julgar que me encontravas,
E seria eu perder-te e tu perder-me...
Ao menos tu..., desiste!
A sobre-humana prova que te peço,
A mais heroica!,
A mais inglória e a mais triste,
é essa..., – é este o meu preço.
Mais que o despeito, o ódio, a incompreensão
Dos por quem passei sereno,
Estendendo a mão afável
Ao frio, pérfido, amável
Aperto da sua mão,
Me punge,
Me pesa no coração,
O fruste amor dos que me interpretaram.
Ai!, bem quiseram amar-me!
Bem o tentaram.
Mas nunca me perdoaram
O não serem dominados
Nem poderem dominar-me...
E assim o nosso amor foi uma luta
De cobardes abraçados.
Entre eu e tu,
Tão profundo é o contrato
Que não pode haver disputa.
Não é pacto
Dum pobre aperto de mão:
Entre nós, – ou sim ou não.
Despi-me..., vê se me queres!
Despi-me com impudor,
Que é irmão do desespero.
Vê se me queres,
Sabendo que te não quero,
Nem te mereço,
Nem mereço ser amado
Pela pior
Das mulheres...
Poderás amar-me assim,
(Como explicar-me?!)
Por Qualquer Cousa que eu for,
Mas não por mim!, não a mim...!

Beijo-te os pés, meu amor.

Fonte (v. 101-103): Cunha, C. 1976. Gramática do português contemporâneo, 6ª ed. BH, Editora Bernardo Álvares. Poema publicado em 1932. José Régio é pseudônimo de José Maria dos Reis Pereira (1901-1969).

18 outubro 2024

As companheiras de viagem


Augustus Leopold Egg (1816-1863). The travelling companions. 1862.

Fonte da foto: Wikipedia.

17 outubro 2024

Aceleração centrífuga

Marcia Ernesto & Leila Soares Marques

Como a Terra executa um movimento de rotação ao redor de si mesma com um período de 24 horas, qualquer ponto do seu interior ou de sua superfície sofre o efeito da aceleração centrífuga [...]. Como a aceleração centrífuga é dirigida perpendicularmente ao eixo de rotação, os únicos locais onde não há aceleração centrífuga [...] são aqueles situados sobre o eixo de rotação, ou seja, nos polos. Todos os outros pontos sofrem uma aceleração centrífuga cuja intensidade é diretamente proporcional à distância do eixo de rotação, atingindo valores máximos na linha do Equador [...].

Fonte: Ernesto, M. & Marques, LS. 2000. In: Teixeira, W & mais 3, orgs. Decifrando a Terra. SP, Oficina de Textos.

16 outubro 2024

Sistemas lacustres brasileiros

Francisco de Assis Esteves

[P]ode-se agrupar os lagos brasileiros (muitos deles são lagoas) em pelo menos cinco grupos bem diferenciados:

(1) Lagos amazônicos, onde devem ser distinguidos os lagos de várzea e os de terra firme;

(2) Lagos do pantanal mato-grossense, como lagos de água doce (‘baías’), que periodicamente (durante as cheias) se conectam com os rios, e lagos de água salobra (‘salinas’), que se encontram geralmente fora do alcance das cheias e permanecem, portanto, isolados;

(3) Lagos e lagunas costeiras que se estendem desde o Nordeste até o Rio Grande do Sul, com grandes ecossistemas como as lagoas de Araruama, Saquarema e Maricá, todas no estado do Rio de Janeiro; Patos, Mirim e Mangueira, no estado do Rio Grande do Sul;

(4) Lagos formados ao longo de rios de médio e grande porte, por barragem natural de tributários de maior porte ou por processos de erosão e sedimentação de meandros, que resultam no seu isolamento; e

(5) Lagos artificiais, como as represas e os açudes.

Fonte (adaptado): Esteves, F. A. 2018. Fundamentos de limnologia, 2ª ed. RJ, Interciência.

14 outubro 2024

Public controversy and awareness

C. Leland Rodgers & Rex E. Kerstetter

In recent years, ecological catastrophes of varying degrees of seriousness have served as warning signals to the alert citizenry and to members of the scientific community. Efforts have been made first to collect sufficient data relevant to the particular environmental problem and then to determine the relationship between ‘cause’ and ‘effect’. In certain cases it is also a matter of establishing priorities, often between practices involving short-term convenience and long-term consequences. Because of the complexity of the environment, the relationship between cause and effect is often very difficult to establish.

In the past the public has looked to the universities and to various state and national agencies for advice and guidance concerning the use and consequences of insecticides, herbicides, wastes, etc., and are frequently dismayed by the degree of divergence in professional opinions. This is not surprising, because the nature of environmental problems is often very complex and intersects normal disciplinary lines of professional training.

Fonte: Rodgers, C. L. & Kerstetter, R. E. 1974. The ecosphere. NY, Harper.

13 outubro 2024

O centro da Terra

Richard Dixon Oldham

Muitas teorias sobre a Terra têm sido propostas em diferentes épocas: já se supôs que a substância central da Terra seria ígnea, fluida, sólida e gasosa, levando os geólogos a se desesperarem com o assunto, a ponto de decidirem restringir sua atenção à crosta mais externa da Terra, deixando o centro como um parquinho para os matemáticos.

Fonte (trad. livre): Oldham, RD. 1906. The constitution of the interior of the earth, as revealed by earthquakes. Quarterly Journal of the Geological Society 62: 456-75.

12 outubro 2024

Aniversário de 18 anos

F. Ponce de León

Neste sábado, 12/10, o Poesia Contra a Guerra atingiu a maioridade: 18 anos no ar (2006-2024). (Aniversário de 17 anos: aqui.)

10 outubro 2024

Soldados


[Denis] Auguste [Marie] Raffet (1804-1860). Soldats de la Première République. 1840.

Fonte da foto: Wikipedia.

08 outubro 2024

A grammarian’s funeral

Robert Browning

[Time – Shortly after the revival of learning in Europe.]

Let us begin and carry up this corpse,
    Singing together.
Leave we the common crofts, the vulgar thorpes,
    Each in its tether
Sleeping safe on the bosom of the plain,
    Cared-for till cock-crow.
Look out if yonder’s not day again
    Rimming the rock-row!
That’s the appropriate country – there, man’s thought,
    Rarer, intenser,
Self-gathered for an outbreak, as it ought,
    Chafes in the censer!
Leave we the unlettered plain its herd and crop;
    Seek we sepulture
On a tall mountain, citied to the top,
    Crowded with culture!
All the peaks soar, but one the rest excels;
    Clouds overcome it;
No, yonder sparkle is the citadel’s
    Circling its summit!
Thither our path lies – wind we up the heights –
    Wait ye the warning?
Our low life was the level’s and the night’s;
    He’s for the morning!
Step to a tune, square chests, erect each head,
    ’Ware the beholders!
This is our master, famous, calm and dead,
    Borne on our shoulders.

Sleep, crop and herd! Sleep, darkling thorpe and croft,
    Safe from the weather!
He, whom we convoy to his grave aloft,
    Singing together,
He was a man born with thy face and throat,
    Lyric Apollo!
Long he lived nameless: how should spring take note
    Winter would follow?
Till lo, the little touch, and youth was gone!
    Cramped and diminished,
Moaned he, “New measures, other feet anon!
    My dance is finished”?
No, that’s the world’s way: (keep the mountain-side,
    Make for the city.)
He knew the signal, and stepped on with pride
    Over men’s pity;
Left play for work, and grappled with the world
    Bent on escaping:
“What’s in the scroll,” quoth he, “thou keepest furled
    Show me their shaping,
Theirs, who most studied man, the bard and sage, –
    Give!” – So he gowned him,
Straight got by heart that book to its last page:
    Learned, we found him!
Yea, but we found him bald too – eyes like lead,
    Accents uncertain:
“Time to taste life,” another would have said,
    “Up with the curtain!”
This man said rather, “Actual life comes next?
    Patience a moment!
Grant I have mastered learning's crabbed text,
    Still, there's the comment.
Let me know all! Prate not of most or least,
    Painful or easy:
Even to the crumbs I’d fain eat up the feast,
    Ay, nor feel queasy!”
Oh, such a life as he resolved to live,
    When he had learned it,
When he had gathered all books had to give;
    Sooner, he spurned it!
Image the whole, then execute the parts –
    Fancy the fabric
Quite, ere you build, ere steel strike fire from quartz,
    Ere mortar dab brick!

(Here’s the town-gate reached: there’s the market-place
    Gaping before us.)
Yea, this in him was the peculiar grace
    (Hearten our chorus)
Still before living he’d learn how to live –
    No end to learning.
Earn the means first – God surely will contrive
    Use for our earning.
Others mistrust and say, – “But time escapes, –
    Live now or never!”
He said, “What’s Time? leave Now for dogs and apes!
    Man has For ever.”
Back to his book then: deeper drooped his head;
    Calculus racked him:
Leaden before, his eyes grew dross of lead;
    Tussis attacked him.
“Now, Master, take a little rest!” – not he!
    (Caution redoubled!
Step two a-breast, the way winds narrowly.)
    Not a whit troubled,
Back to his studies, fresher than at first,
    Fierce as a dragon
He, (soul-hydroptic with a sacred thirst)
    Sucked at the flagon.
Oh, if we draw a circle premature,
    Heedless of far gain,
Greedy for quick returns of profit, sure,
    Bad is our bargain!
Was it not great? did not he throw on God,
    (He loves the burthen) –
God’s task to make the heavenly period
    Perfect the earthen?
Did not he magnify the mind, show clear
    Just what it all meant?
He would not discount life, as fools do here,
    Paid by instalment!
He ventured neck or nothing – heaven's success
    Found, or earth’s failure:
“Wilt thou trust death or not?” he answered “Yes.
    Hence with life’s pale lure!”
That low man seeks a little thing to do,
    Sees it and does it:
This high man, with a great thing to pursue,
    Dies ere he knows it.
That low man goes on adding one to one,
    His hundred’s soon hit:
This high man, aiming at a million,
    Misses an unit.
That, has the world here – should he need the next,
    Let the world mind him!
This, throws himself on God, and unperplext
    Seeking shall find Him.
So, with the throttling hands of Death at strife,
    Ground he at grammar;
Still, thro’ the rattle, parts of speech were rife.
    While he could stammer
He settled Hoti’s business – let it be! –
    Properly based Oun
Gave us the doctrine of the enclitic De,
    Dead from the waist down.
Well, here’s the platform, here’s the proper place.
    Hail to your purlieus,
All ye highfliers of the feathered race,
    Swallows and curlews!
Here’s the top-peak! the multitude below
    Live, for they can there.
This man decided not to Live but Know –
    Bury this man there?
Here – here’s his place, where meteors shoot, clouds form,
    Lightnings are loosened,
Stars come and go! let joy break with the storm –
    Peace let the dew send!
Lofty designs must close in like effects:
    Loftily lying,
Leave him – still loftier than the world suspects,
    Living and dying.

Fonte (v. 139): Carpeaux, OM. 2011. História da literatura ocidental, vol. 3, 4ª ed. Brasília, Senado Federal. Poema publicado em livro em 1855. O autor foi casado com a poetisa Elizabeth Barrett Browning.

07 outubro 2024

Phylogeny, models and inference

Elizabeth Alison Thompson

The aim of this book is to provide a method of solution to a specific problem, and yet one which has attracted a wide interest in recent years. This is the problem of the statistical assessment of the phylogenetic relationships between various ethnic groups within the human species, on the basis of genetic data currently available in present-day populations. The basic difference between the approach to be considered here and that of some previous approaches is that inferences are to be based on a probabilistic model for the genetic evolution of the populations under consideration. The criteria of likelihood inference are to be used to assess alternative hypotheses of evolutionary history. No model can cover all aspects of the complex process of evolution, and inferences are necessarily made within the framework of the model. However statistical inferences cannot be made in the absence of a model, and, even if this model is necessarily a simplification of the true situation, an explicit statement of the assumptions under which inferences are made enables the effect of such assumptions and the possibilities of extending the model to be considered.

We shall consider only the problem of making inferences concerning several, often large, populations within the human species, these populations having a common source but having evolved largely independently, there being little interchance between them. Population differences reflect the length of time since the existence of a common ancestral population, and an evolutionary tree model is required. Some specific problems of population admixture may also be analysed on the basis of a model of independently evolving populations, and one such is considered in Chapter 6, but we shall not consider more generally the analysis of relationships between smaller populations where the pattern of differentiation depends mainly on the interchange between them and where migration has been sufficient for them to evolve substantially as a single unit.

Fonte: Thompson, E. A. 1975. Human evolutionary trees. Cambridge, CUP.

06 outubro 2024

Hora da festa

P. J. O’Rourke

Qual é o objetivo de seus anfitriões ao oferecerem uma festa? Com certeza, não é para que você se divirta; se esse fosse o seu único propósito, eles simplesmente mandariam o champanhe e as mulheres de táxi para sua casa.

Fonte: Conniff, R. 2004. História natural dos ricos. RJ, Zahar. P. J. O’Rourke é a assinatura literária do jornalista e escritor estadunidense Patrick Jake O’Rourke (1947-2022).

04 outubro 2024

San Vicente

Fernando Brant

Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto, vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte

Coração americano
Um sabor de vidro e corte

A espera na fila imensa
E o corpo negro se esqueceu
Estava em San Vicente
A cidade e suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens

Coração americano
Um sabor de vidro e corte

As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente

Coração americano
Um sabor de vidro e corte

Fonte: álbum Clube da Esquina (1972), de Milton Nascimento & Lô Borges.

02 outubro 2024

Autobiografia sumária de Adília Lopes

Adília Lopes

Os meus gatos
gostam de brincar
com as minhas baratas.

Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1987.

eXTReMe Tracker