A expropriação das terras indígenas
Octavio Ianni
Na Amazônia, as terras tribais são importantes, pela extensão, qualidade ou localização. São numerosos os grupos tribais existentes na Amazônia; mais concentrados aqui, mais dispersos ali. Coletores, caçadores, agricultores, pescadores, sedentários, nômades. Espalham-se por muitas terras, matas, rios, igarapés. Vivem e trabalham a natureza como se ela fosse sua e dos seus deuses, nos seus trabalhos e dias. É verdade que alguns ou muitos grupos indígenas [se acham] em extinção; outros [se encontram] em contato permanente com a ‘comunhão nacional’ ou a ‘sociedade nacional’; outros, ainda, estão em contato intermitente com essa sociedade; e, outros, por fim, acham-se isolados, arredios ou hostis. Há índios que ainda guardam o seu modo de ser índio porque também guardam o seu modo de trabalhar a natureza; guardam o seu hábitat mais ou menos intacto, a seu modo. Mas a maioria já se acha em contato om a ‘comunhão’ ou ‘sociedade nacional’. Isto é, já se acha em um estágio preliminar, ou avançado, do processo de expropriação pelos ‘nacionais’, brasileiros e estrangeiros. A maioria está sendo expropriada da sua terra, força de trabalho, cultura. São muitos os índios que estão sendo proletarizados, acamponesados, lumpenizados ou pura e simplesmente dizimados. Em todos os casos, no entanto, o que está em causa é uma progressiva ou drástica expropriação das suas terras; do modo pelo qual trabalham a terra, as coisas, a sua existência e o próprio trabalho.
Fonte: Ianni, O. 1979. Ditadura e agricultura. RJ, Civilização.
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