As chuvas acompanham o arado?
Henry Lansford
“As chuvas acompanham o arado”. Esta expressão era o artigo de fé dos agricultores quando, durante a última parte do século XIX, as Grandes Planícies do Meio Oeste dos Estados Unidos foram abertas aos colonizadores. Aquilo era a expressão bem precisa da crença arraigada de que a abertura de novos campos à agricultura traria em sua esteira um imediato e substancial aumento na precipitação pluvial das altas planícies semiáridas.
A ideia era geralmente aceita tanto pelos promotores como pelos colonizadores, já que, para eles, era a resposta a uma necessidade profundamente emocional, mas entre os que acreditavam naquilo havia muitos cientistas e funcionários públicos que deveriam ter sido mais céticos. Aquela crença era baseada numa observação um tanto empírica e imprecisa de que, em algumas áreas, e depois que os novos colonos haviam arado e plantado as novas terras, a pluviosidade havia aumentado bastante. E foi daí que nasceu o resultado de uma lógica precária, aliado aos desejos generalizados, de que as chuvas acompanhariam o arado.
Não demorou muito para a lógica ser refutada por meio século de secas e quase secas que impiedosamente se repetiam num ciclo desolador que muitas vezes significava o fim de um empreendimento agrícola exatamente quando o colonizador já estava começando a acreditar na sua boa fortuna depois de três ou quatro anos bons para a lavoura. Os anos do Deserto de Poeira (Dust Bowl) da década de [1930] levaram à irrefutável conclusão que o clima havia atravessado variações naturais em nada afetadas pelos arranhões que o homem fazia na face da terra com o seu arado.
Fonte: Lansford, H. 1973. Estará o homem mudando o tempo? Diálogo 6: 56-61. Excerto de artigo originalmente publicado em 1970.
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