25 dezembro 2010

Inversnaid

Gerard Manley Hopkins

Este arroio turvo, cor de cavalo baio,
Roncando a rolar seu caminho rocha abaixo
Por gargalos, gargantas, seus flocos de espuma
Se afunilam e ele tomba no lago, sua cama.

Um lufo de espuma, feito um gorro pardo,
Requebra-se, quebra-se resvala no caldo
De um poço negrobreu, carranca iracunda
Que remoinha ali O Desespero e o afunda.

Borrifos de rocio, respingos de rocio
Nas arestas dos barrancos, entre eles corre o rio;
Ásperos urzedos, gravetos de feto, e a sorva
Aljofrada de bagas, debruçada sobre o arroio.

Ah! que será do mundo se a gente o privar
Do úmido e do agreste? Deixá-los ficar,
O úmido e o agreste, oh! deixá-los em paz.
Viva a terra selvagem e o capim contumaz.

Fonte: Hopkins, G. M. 1989. Poemas. SP, Companhia das Letras. Poema publicado em livro em 1918.


0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker