Eu rio do pernóstico velhaco
Heinrich Heine
Eu rio do pernóstico velhaco,
Eu rio do pernóstico velhaco,
De bode, me encarando a noite inteira;
Eu rio da raposa sorrateira
Que fuça em busca do meu ponto fraco.
Eu rio do acadêmico macaco,
Eu rio do acadêmico macaco,
Que arrota regras e vomita asneira;
Eu rio dessa víbora embusteira,
Querendo me emboscar de seu buraco.
Pois quando nos atinge a mão irada
Pois quando nos atinge a mão irada
Do acaso, e a nossa vida se estilhaça,
E os cacos vão caindo pelo chão;
E quando em nosso peito o coração
Se rasga, dilacera e despedaça –
Nos resta uma sonora gargalhada.
Fonte: o soneto acima, parte de uma série de nove intitulada “Sonetos-afrescos”, integra o livro Heine, hein? (2011, Perspectiva) e foi aqui publicado com o devido consentimento do tradutor, André Vallias, a quem agradeço pela cortesia. O poema original foi publicado em 1821.
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