As plantas e a água
James F. Sutcliffe
A disponibilidade de água
no ambiente exerce um importante efeito na distribuição das plantas não só
através do mundo [...] como também no sentido mais restrito. Plantas adaptadas
a viver em locais secos não podem sobreviver por muito tempo em ambientes
úmidos e vice-versa. As espécies são classificadas em quatro grupos, com base
na quantidade de água disponível para elas, e cada grupo é caracterizado por
uma combinação de adaptações estruturais ao seu ambiente.
Hidrófitas crescem total ou parcialmente submersas na água. [...]
A perda de água
normalmente não é problema para as hidrófitas e não há cutícula em
desenvolvimento nos órgãos submersos ou na superfície inferior das folhas
flutuantes. A superfície superior, entretanto, é fortemente cutinizada, o que
ajuda a prevenir a supersaturação, e as folhas emergentes têm ainda estômatos
funcionais que controlam a transpiração.
[...]
Higrófitas [..] são plantas terrestres de ambientes úmidos, onde o
ar é muito úmido e o solo é permanentemente saturado de água. Tais hábitats são
geralmente sombreados e, assim sendo, as higrófitas são plantas adaptadas a
fotossintetizar eficientemente em baixas intensidades luminosas. Elas comumente
têm uma grande área superficial em relação ao volume, e as folhas
freqüentemente têm apenas uma camada de células de espessura. Há pouco controle
da perda de água, e o conteúdo de água é controlado em grande parte pela umidade
do ar [...].
[...]
Mesófitas são plantas que normalmente crescem em solo bem drenado e
cujas folhas ficam expostas a ar moderadamente seco. A maioria das espécies
cultivadas e muitas das plantas nativas de regiões tropicais e temperadas estão
enquadradas nesta categoria. Elas têm cutícula impermeável e regulam a perda de
água pelo controle da abertura dos estômatos [...]. Nas mesófitas os estômatos
freqüentemente se fecham por um período, na metade do dia, quando as condições
são geralmente mais favoráveis para a evaporação, e também à noite, quando a
fotossíntese pára e a penetração de CO2 não é necessária. Como as
mesófitas têm [de] substituir grandes quantidades de água transpirada pelas
folhas, elas possuem um sistema radicular extenso e xilema bem desenvolvido.
[...]
Xerófitas ocorrem principalmente nos desertos, nos [campos] secos e
nos lugares rochosos onde a água é geralmente escassa. Essas plantas poderiam,
algumas vezes, se desenvolver melhor em ambiente úmido que no seco, se fossem
protegidas contra a competição das mesófitas. Sua sobrevivência sob condições
secas depende de um certo número de adaptações, incluindo:
1) Um extenso sistema
radicular que penetre ampla e profundamente no solo para obter a água
disponível. [...]
2) A água pode ser
armazenada em raízes, caules ou folhas suculentas para ser usada durante
períodos de seca intensa. [..]
3) Em muitas xerófitas,
inclusive nos cactos, as folhas são pequenas, algumas vezes reduzidas a simples
escamas e o principal órgão fotossintetizante é o caule. [...]
4) Algumas xerófitas,
especialmente monocotiledôneas, perdem suas folhas e outras partes aéreas em
períodos de seca severa e sobrevivem por meio de bulbos subterrâneos. [...]
5) A cutícula das
xerófitas é freqüentemente mais fina que a das mesófitas, mas sua impermeabilidade
à água depende principalmente de sua composição, que inclui uma alta proporção
de cutina e outras ceras. [...]
6) A transpiração é
também reduzida nas xerófitas pelo número, disposição e modo de função dos
estômatos. [...]
[...]
Fonte: Sutcliffe, J. F.
1980. As plantas e a água. SP, EPU
& Edusp.
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