30 janeiro 2020

Zulmira


Quando Zulmira se casou... Zulmira
Era o mimo, a frescura, a mocidade;
– Lânguido gesto, estranha suavidade
Na voz – soluço de inefável lira;

Um candor, que não há quem não prefira
A tudo, e esse ar de angélica bondade,
Que embelece a mulher, mesmo na idade
Em que, esquiva, a beleza se retira...

Não sei por que chorando toda a gente,
Quando Zulmira se casou, estava:
Belo era o noivo... que razões havia?

A mãe e a irmã choravam tristemente;
Só o pai de Zulmira não chorava...
E era o pai, afinal, quem mais sofria!

Fonte (tercetos): Cunha, C. 1976. Gramática do português contemporâneo, 6ª ed. BH, Editora Bernardo Álvares. Poema publicado em livro em 1891.

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