22 outubro 2006

Tum-tá-tá

Walter Freitas

ei, neném,
são rãs e sapos

no quintal vazio

ei, neném,

são chuvas finas

na beira do rio


um bicho brabo nas brenha

pras bandas lá da Mucajá

neném, a ginga das égua

na noite preta, tum-tá-tá


que é tanto terço

no roxo do frio

tum-tá-tá

são sete embalos na rede navio


um tiro longe

quem fere pras bandas lá da Mucajá?

neném, teus fio no mundo

na noite preta, tum-tá-tá


mata de mata que na terra de tua saia,

menina, mãe d’água aguou

terra de terra que na mata de teu cabelo

rescende cheiro cheiroso, chuva, funga que fungou

rio de rio de rio que maresia dos olhos,

menina desembocou

noite de noite que na cabeceira da ponte se afoga

peixe bubuia, moça, caboco embrenhou


um pau-de-arara, silêncio,

pras bandas lá da Mucajá

tum-tá-tá morto, matado

na noite preta, tum-tá-tá


ei, neném, adeus, quem dera

velas, ai marés

ei, neném, rio acre, o mundo

ai igarités


preta tu não tem medo

tu não tem guia manicoré

flor, flor dos aramados

ferpa, farpado, seu coroné


Fonte: encarte que acompanha o LP do álbum Interior (1986), de Nilson Chaves & Vital Lima.

1 Comentários:

Blogger Policarpe di Emili disse...

muito bonita!!
essas músicas falam muito comigo...

14/1/07 23:28  

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