Tum-tá-tá
Walter Freitas
ei, neném,
são rãs e sapos
no quintal vazio
ei, neném,
são chuvas finas
na beira do rio
um bicho brabo nas brenha
pras bandas lá da Mucajá
neném, a ginga das égua
na noite preta, tum-tá-tá
que é tanto terço
no roxo do frio
tum-tá-tá
são sete embalos na rede navio
um tiro longe
quem fere pras bandas lá da Mucajá?
neném, teus fio no mundo
na noite preta, tum-tá-tá
mata de mata que na terra de tua saia,
menina, mãe d’água aguou
terra de terra que na mata de teu cabelo
rescende cheiro cheiroso, chuva, funga que fungou
rio de rio de rio que maresia dos olhos,
menina desembocou
noite de noite que na cabeceira da ponte se afoga
peixe bubuia, moça, caboco embrenhou
um pau-de-arara, silêncio,
pras bandas lá da Mucajá
tum-tá-tá morto, matado
na noite preta, tum-tá-tá
ei, neném, adeus, quem dera
velas, ai marés
ei, neném, rio acre, o mundo
ai igarités
preta tu não tem medo
tu não tem guia manicoré
flor, flor dos aramados
ferpa, farpado, seu coroné
Fonte: encarte que acompanha o LP do álbum Interior (1986), de Nilson Chaves & Vital Lima.
1 Comentários:
muito bonita!!
essas músicas falam muito comigo...
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