17 maio 2007

Horizontes em expansão

George Gamow

[...]
Nas primeiras fases da civilização humana, aquilo que chamamos de universo era considerado como ridiculamente pequeno. Acreditava-se que a Terra fosse um disco largo e chato, flutuando na superfície do oceano que a circundava. Abaixo dela, só havia água, a mais profunda que se pudesse imaginar, e acima estava o céu, moradia dos deuses. O disco era bastante grande para conter todas as terras então conhecidas, que incluíam o litoral do Mediterrâneo, com partes adjacentes da Europa, África e um pouco da Ásia. O extremo norte do disco da Terra era limitado por uma alta cadeia de montanhas, atrás da qual o Sol se escondia durante a noite, quanto repousava na superfície do Oceano Mundial. Mas no século 3 a.C. surgiu um homem que discordou dessa concepção simples e generalizada do mundo. Foi o famoso filósofo grego chamado Aristóteles.

Em seu livro Dos Céus, Aristóteles formulou a teoria de que a Terra era na realidade, uma esfera, coberta parcialmente de terra, e parcialmente de água, circundada pelo ar. Apoiou sua teoria em muitos argumentos que hoje nos parecem triviais. Mostrou que o modo pelo qual os navios desaparecem no horizonte, quando o casco some e os mastros parecem sair de dentro da água, prova que a superfície dos oceanos é curva, e não chata. Argumentou que os eclipses da Lua devem ser provocados pela sombra da Terra projetada sobre a face de nosso satélite, e, como essa sombra era redonda, a Terra devia ser redonda também. Muito pouca gente, porém, acreditou nele. [...]

Fonte: Gamow, G. 1981. Um, dois, três... infinito. RJ, Zahar Editores.

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