Raça e racismo
Luca Cavalli-Sforza & Francesco Cavalli-Sforza
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No mapa geográfico, a França parece um quadrilátero. Cada um dos seus quatro vértices é genética e historicamente diferente.
O ângulo norte-ocidental (à esquerda, no alto) é a Bretanha; como o próprio nome sugere, grande parte de seus habitantes provém da Grã-Bretanha. Mesmo atualmente, os bretões falam uma língua celta; trata-se no entanto de um fenômeno secundário, por assim dizer, porque quando os anglo-saxões conquistaram a Inglaterra depois da queda do Império Romano muitos bretões fugiram para a chamada Bretanha, trazendo a língua celta com eles e dando nome à região.
O ângulo norte-oriental, próximo à Bélgica atual, é geneticamente mais próximo da Europa Central por várias razões históricas. Uma das mais antigas é a migração dos cultivadores neolíticos ao longo dos rios das planícies da Europa Central e de lá em direção à França. [...] Em tempo mais recentes, nos séculos V a VII depois de Cristo, tribos germânicas da região de Colônia, na Alemanha, atravessam a Holanda e a Bélgica atuais e estabeleceram-se ao norte de Paris. Eram os francos: eles deram o nome à região mas não à língua, que manteve suas origens latinas.
A procedência dos povos do sul da França é muito diferente. O sul divide-se em pelo menos duas zonas principais: a oriental, região de Marselha, colonizada pelos gregos e que ainda mantêm parte de suas características genéticas, e a extremo-ocidental, onde ainda se fala o basco graças a um núcleo, cada vez menor, que resiste à propaganda do governo central em favor da língua francesa.
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Fonte: Cavalli-Sforza, L. & Cavalli-Sforza, F. 2002. Quem somos? SP, Editora da Unesp.
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