A vida sem vida
Edgar Morin
Sendo nós mesmos seres vivos, habituamo-nos de tal modo a este mundo estranho que nos esquecemos de nos maravilharmos com ele. E, no entanto, reprodução, nascimento, crescimento, hereditariedade, pensamento são outros tantos enigmas para um físico ou um químico. Nada de semelhante se observa no mundo inanimado. A única coisa que podemos compreender é a morte e a decomposição dos sistemas vivos. – L. Brillouin.
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Para nós, seres vivos, a vida parece evidente e normal, e a morte parece-nos espantosa e incrível. Mas, se nos colocarmos do ponto de vista do universo físico, então, como explica claramente a frase de Brillouin citada como epígrafe, é a vida que se torna espantosa e incrível enquanto a morte não é mais do que o regresso dos nossos átomos e moléculas à sua existência física normal. Como não nos podemos desprender da nossa condição de ser vivo, mas como também somos capazes de nos distanciar dela pelo espírito, então podemos simultaneamente espantar-nos de viver e de morrer.
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Fonte: Morin, E. s/d [1980]. O método – 2. A vida da vida. Lisboa. Publicações Europa-América.
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