Poema absurdo
João Carlos Pádua
Fechou o jornal:
A brasa do cigarro
Ficou intensamente rubra
Junto à janela
O olho do cinzeiro se
Fixou em seus pensamentos
A mão desceu até um pouco mais baixo
A noite começava a se debruçar
Sobre os edifícios
Voltou ao jornal:
Algo sobre uma dançarina de cabaré
Um crime talvez
Um marinheiro bêbado:
Caminha caía ensangüentada
O telefone tocou!
– alô!
– donde falam?
– com quem deseja falar?
A voz rouca cuspiu alguns palavrões:
Alexandrino de merda!
Fonte: Hollanda, H. B., org. 2001 [1976]. 26 poetas hoje, 4ª edição. RJ, Aeroplano.
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