O poema
Luís Miguel Nava
É um arbusto, armados
ainda nele os últimos relâmpagos,
o poema.
A pedra cai no ventre
da água – a fruta poderosa, as páginas
onde a brancura se estilhaça, o lenço
como um relâmpago.
Os cães brilham ao alto
– são eles o arbusto
de imagens onde a força miúda
como um leão íris
a atravessa o poema encarcerado em sua própria imagem.
A pedra, digo, cai no ventre
da água como um punho
– agora está no fundo desta imagem.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1981.
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