Tempestade amazônica
Humberto de Campos
O calor asfixia e o ar escurece. O rio,
O calor asfixia e o ar escurece. O rio,
Quieto, não tem uma onda. Os insetos na mata
Trilam cheios de medo. E o pássaro, o sombrio
Da floresta procura onde a chuva não bata.
Súbito, o raio estala. O vento zune. Um frio
Súbito, o raio estala. O vento zune. Um frio
De terror tudo invade... E o temporal desata
As peias pelo espaço e, bufando, bravio,
O arvoredo retorce e as folhas arrebata.
O anoso buriti curva a copa, e farfalha.
O anoso buriti curva a copa, e farfalha.
Aves rodam no céu, n’um estéril esforço,
Entre nuvens de folha e fragmentos de palha.
No alto o trovão regouga e em baixo a mata brama.
No alto o trovão regouga e em baixo a mata brama.
Ruge em meio a amplidão. Das nuvens pelo dorso
Correm serpes de fogo. E a chuva se derrama...
Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 5. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado em livro em 1910.
Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 5. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado em livro em 1910.
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