Canção de agora
Lila Ripoll
Ontem meu peito chorava,
hoje, não.
Também cansa a desventura.
Também o sol gasta o chão.
Estava ontem sozinha,
tendo a meu lado, sombria,
minha própria companhia.
Hoje, não.
Morreu de tanto morrer
a pena que em mim vivia.
Morreu de tanto esperar.
Eu não.
Relógios do tempo andaram
marcando o tempo em meu rosto.
A vida perdeu seu tempo.
Eu não.
Também cansa a desventura.
Também o sol gasta o chão.
Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema publicado em livro em 1961.
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