A teoria evolutiva dos jogos
John Maynard Smith
A teoria evolutiva dos
jogos é um modo de pensar sobre a evolução no nível fenotípico quando as
aptidões de determinados fenótipos dependem da frequência deles na população.
Compare, por exemplo, a evolução da forma das asas em aves planadores com a
evolução do comportamento de dispersão nessas mesmas aves. Visando entender a
forma das asas, faz-se necessário conhecer as condições atmosféricas sob as
quais as aves vivem e o modo pelo qual as forças de ascensão e de arrasto
variam com o formato das asas. Teríamos também de levar em conta as restrições
impostas pelo fato de as asas das aves serem feitas de penas – as restrições
seriam diferentes no caso de um morcego ou um pterossauro. Não seria
necessário, contudo, levar em conta o comportamento de outros membros da
população. Ao contrário, a evolução da dispersão depende basicamente de como
outros coespecíficos estão se comportando, pois a dispersão tem a ver com
encontrar parceiros adequados, evitar competição por recursos, obter proteção
conjunta contra predadores e assim por diante.
Já no caso da forma das
asas, queremos entender por que a seleção favoreceu determinados fenótipos. A
ferramenta matemática apropriada é a teoria da otimização. Nós nos deparamos
com o problema de decidir que aspectos específicos (e.g., uma razão ascensão/arrasto elevada, um raio de giração
pequeno) contribuem para a aptidão, mas não com as dificuldades especiais que
surgem quando o sucesso depende daquilo que os outros estão fazendo. É neste
último contexto que a teoria dos jogos se torna relevante.
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