13 maio 2017

A teoria evolutiva dos jogos

John Maynard Smith

A teoria evolutiva dos jogos é um modo de pensar sobre a evolução no nível fenotípico quando as aptidões de determinados fenótipos dependem da frequência deles na população. Compare, por exemplo, a evolução da forma das asas em aves planadores com a evolução do comportamento de dispersão nessas mesmas aves. Visando entender a forma das asas, faz-se necessário conhecer as condições atmosféricas sob as quais as aves vivem e o modo pelo qual as forças de ascensão e de arrasto variam com o formato das asas. Teríamos também de levar em conta as restrições impostas pelo fato de as asas das aves serem feitas de penas – as restrições seriam diferentes no caso de um morcego ou um pterossauro. Não seria necessário, contudo, levar em conta o comportamento de outros membros da população. Ao contrário, a evolução da dispersão depende basicamente de como outros coespecíficos estão se comportando, pois a dispersão tem a ver com encontrar parceiros adequados, evitar competição por recursos, obter proteção conjunta contra predadores e assim por diante.

Já no caso da forma das asas, queremos entender por que a seleção favoreceu determinados fenótipos. A ferramenta matemática apropriada é a teoria da otimização. Nós nos deparamos com o problema de decidir que aspectos específicos (e.g., uma razão ascensão/arrasto elevada, um raio de giração pequeno) contribuem para a aptidão, mas não com as dificuldades especiais que surgem quando o sucesso depende daquilo que os outros estão fazendo. É neste último contexto que a teoria dos jogos se torna relevante.

Fonte: Costa, F. A. P. L. 2017. O evolucionista voador & outros inventores da biologia moderna. Viçosa, Edição do autor.

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