Música das esferas
Dava Sobel
Entre 1914 e 1916, o
músico inglês Gustav Holst compôs o único tributo sinfônico ao Sistema Solar de
que se tem notícia, seu Opus 32, Os
planetas, Suíte para orquestra.
Nem a sinfonia Mercúrio (número 43 em
mi bemol maior) de Haydn nem a sinfonia Júpiter
(número 41 em dó, K. 551) de Mozart se propuseram a tanto. Na realidade, o
título Júpiter só foi associado à
obra de Mozart décadas após sua morte. Do mesmo modo, a sonata ‘Ao luar’ de
Beethoven foi conhecida por trinta anos como Opus 27, número 2, até que um
poeta afirmou que sua melodia lembrava o luar brilhando sobre um lago.
A suíte Os planetas possui sete movimentos, não
nove. Plutão ainda não havia sido descoberto quando Holst compôs a peça e a
Terra também foi excluída. Mas a obra persiste até hoje como o acompanhamento
musical da era espacial, em parte porque as pessoas ainda a apreciam e em parte
porque nenhuma obra surgiu para suplantá-la. E, para compensar suas omissões,
compositores contemporâneos ampliaram-na com novos movimentos, como ‘Plutão’, ‘Sol’
e ‘Planeta X’.
O interesse de Holst
pelos planetas foi despertado pela astrologia. Em 1913, após um surto de
leituras sobre o assunto, ele começou a fazer os mapas de amigos e a pensar nos
planetas em termos do seu significado astrológico, como ‘Júpiter, o portador da
jovialidade’, ‘Urano, o mago’ e ‘Netuno, o místico’. Sua filha e biógrafa,
Imogen, que também era compositora, lembra-se de que foi o “vício predileto” de
seu pai, a astrologia, que o levara ao estudo da astronomia, “e seu entusiasmo
por ela elevava-lhe a temperatura toda vez que tentava compreender coisas
demais ao mesmo tempo. Ele perseguia sem cessar a ideia do contínuo
espaço-tempo”.
[...]
Fonte: Sobel, D. 2006. Os planetas. SP, Companhia das Letras.
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