17 setembro 2017

Música das esferas

Dava Sobel

Entre 1914 e 1916, o músico inglês Gustav Holst compôs o único tributo sinfônico ao Sistema Solar de que se tem notícia, seu Opus 32, Os planetas, Suíte para orquestra. Nem a sinfonia Mercúrio (número 43 em mi bemol maior) de Haydn nem a sinfonia Júpiter (número 41 em dó, K. 551) de Mozart se propuseram a tanto. Na realidade, o título Júpiter só foi associado à obra de Mozart décadas após sua morte. Do mesmo modo, a sonata ‘Ao luar’ de Beethoven foi conhecida por trinta anos como Opus 27, número 2, até que um poeta afirmou que sua melodia lembrava o luar brilhando sobre um lago.

A suíte Os planetas possui sete movimentos, não nove. Plutão ainda não havia sido descoberto quando Holst compôs a peça e a Terra também foi excluída. Mas a obra persiste até hoje como o acompanhamento musical da era espacial, em parte porque as pessoas ainda a apreciam e em parte porque nenhuma obra surgiu para suplantá-la. E, para compensar suas omissões, compositores contemporâneos ampliaram-na com novos movimentos, como ‘Plutão’, ‘Sol’ e ‘Planeta X’.

O interesse de Holst pelos planetas foi despertado pela astrologia. Em 1913, após um surto de leituras sobre o assunto, ele começou a fazer os mapas de amigos e a pensar nos planetas em termos do seu significado astrológico, como ‘Júpiter, o portador da jovialidade’, ‘Urano, o mago’ e ‘Netuno, o místico’. Sua filha e biógrafa, Imogen, que também era compositora, lembra-se de que foi o “vício predileto” de seu pai, a astrologia, que o levara ao estudo da astronomia, “e seu entusiasmo por ela elevava-lhe a temperatura toda vez que tentava compreender coisas demais ao mesmo tempo. Ele perseguia sem cessar a ideia do contínuo espaço-tempo”.
[...]

Fonte: Sobel, D. 2006. Os planetas. SP, Companhia das Letras.

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