23 outubro 2019

E o Nobel da Paz?


De todas as categorias, o Nobel da Paz é seguramente a mais enxovalhada e, por isso mesmo, a mais questionável. E não é difícil entender o motivo: a categoria se presta muito bem ao gaiatismo e à politicagem!

Mas a situação tem lá as suas sutilezas...

Por um lado, os responsáveis pela premiação já devem ter reconhecido que a falta de um nobelista brasileiro é algo verdadeiramente espantoso – para não dizer escandaloso. A ponto de comprometer a imagem de “imparcialidade e grandeza” que é comumente associada ao Nobel.

Por sua vez, a nossa comunidade acadêmica deixa muito a desejar... De tal modo e a tal ponto que são bastante remotas as chances de um brasileiro (especialmente alguém que esteja a trabalhar no país) vir a ser agraciado com um Nobel nas áreas mais duras (Física, Química e Fisiologia/Medicina) ou mesmo em Economia. Ao menos no médio prazo.

Nosso consolo poderia vir das categorias mais frouxas, Literatura e Paz. E é aí que se encaixariam hoje as candidaturas de Lula e Raoni. Este último contaria com uma vantagem adicional: trata-se de um autêntico nativo americano, o que lhe daria certa aura de pureza.

Mas algo parecido ocorreria também com a candidatura da adolescente sueca Greta Thunberg. Estou a me refer aqui ao seguinte: Mais do que o mero ativismo ecopolítico, suspeito que o nome de Greta tenha ganhado destaque em decorrência de ela ter sido diagnoticada como portadora de certos distúrbios comportamentais. Assim como no caso de Raoni, isso conferiria uma aura especial ao seu nome e à sua candidatura.

Em termos jornalísticos, o xis da questão é o de sempre: Nos últimos meses, a nossa imprensa (grande ou pequena) pouco ou nada investigou a respeito do assunto – i.e., prós e contras de alguns nomes cujas candidaturas vieram a público. Não é de estranhar que o público brasileiro tenha chegado ao dia do anúncio do Nobel da Paz (11/10) mais ou menos do mesmo jeito como costuma se portar diante de quase tudo: pouco ou nada esclarecido, mas “torcendo muito”...

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PS. O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali (nascido em 1976), foi o agraciado com o Nobel da Paz 2019.

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