Transposto em carne
da solidão do abraço é que há os olhos
entreabertos húmidos vigilantes
contemplando o musgo (os teus cabelos
de liso toque e meu sinal de alarme)
da solidão do abraço é que há o vinho
a erupção do caos em teu redor
e labaredas altas despenhadas
no ter corpo de sumo e minha órbita
da solidão do abraço é que há um peixe
a navegar por mim com escamas lentas
é um aquário o sol à transparência
no coração selvagem mão terrível
da solidão do abraço é que há a paz
sinal de flor aqui transposta em fogo
é guerra desejada é arma viva
de um deus alvoroçado humano e louco
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1972.
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home