Azul pela pedra
A palavra é azul pela pedra:
pela dureza que vai de um seixo
ao centro da montanha,
que vai de um paralelepípedo
aos húmidos rochedos que se ouvem
(porque nos falam) frente ao mar,
frente à pedra que é só pedra,
frente às paredes de gelo
que se transformam em pedra
ou num vislumbre de pedra.
A palavra é azul pela pedra:
a que se contempla, a que se retira,
a que se guarda,
a que se parte e reconstrói.
Azul sobretudo
pela pedra que nos fere e cega
pela pedra que dói.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1991.
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