Cavalgada
José Hélder de Souza
Para Maria Neide
– Que te dizia o vento sibilante
ao cavalgares pela praia para o Leste
ao triste som das ondas ululantes?
– Assuntos de amores, saudades...
– Aonde ias a cavalo galopando
pela praia, rumo ao Leste, ao som
dos ventos e das ondas ululantes?
– Aos morros do Capuí, suleste da Fortaleza,
a rever formosa e sossegada noiva,
moça inupta à espera de marido.
– E as ondas as fulvas algas rebolando
na branca areia, que te diziam, quando ias
a cavalo pela praia rumo ao suleste?
– Davam-me leito de sargaços odoríficos
para, aconchegando a noiva ao peito,
tê-la, amoroso e terno, como esposa.
– E agora, rumo Oeste, cavalgando o tempo,
aos ventos soltos encanecidos cabelos,
que te dizem os uivantes ares
e, a rugir, as marinheiras vagas?
– Falam-me de saudade os estos do mar,
de esvaída visão da noiva nua
sobre a praia, por entre algas oloríferas,
nada mais, nesta senda rumo ao sol poente.
Fonte (estrofes 1 e 2): Horta, A. B. 2003. Sob o signo da poesia. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 1998.
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