15 fevereiro 2022

As taxas de crescimento estão agora em 0,5022% (casos) e 0,1388% (mortes)

Felipe A. P. L. Costa [*].

RESUMO. – Este artigo atualiza os valores das taxas de crescimento (casos e mortes) publicados em artigo anterior (aqui). Entre 7 e 13/2, essas taxas ficaram em 0,5022% (casos) e 0,1388% (mortes). A taxa de casos caiu pela segunda semana consecutiva; a de mortes seguiu a escalar, ainda que a um ritmo mais lento que na semana anterior. Esses desencontros (e.g., casos a declinar, mortes a escalar) não são novos nem únicos. Trata-se de um padrão recorrente. Tendo batido no teto, a trajetória da taxa de casos passa a declinar; duas ou três semanas depois, começa a declinar também a taxa de mortes. A questão que se impõe para a sociedade brasileira seria então a seguinte: como fazer com que a taxa de casos siga em trajetória declinante?

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1. O RITMO DA PANDEMIA NO PAÍS.

No domingo (13/2), de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, foram registrados em todo o país mais 54.220 casos e 314 mortes. Teríamos chegado assim a um total de 27.479.963 casos e 638.362 mortes.

Na semana encerrada no domingo (7-13/2), foram registrados 946.953 novos casos – uma queda de 20% em relação à semana anterior (31/1-6/2: 1.184.213).

Entre 7 e 13/2, infelizmente, foram registradas 6.169 mortes – um aumento de 16% em relação ao que foi anotado na semana anterior (31/1-6/2: 5.339). Trata-se da maior soma semanal desde a primeira semana de agosto (2-8/8: 6.317).

2. TAXAS DE CRESCIMENTO.

Os percentuais e os números absolutos referidos acima ajudam a descrever a situação. Todavia, para monitorar o ritmo e o rumo da pandemia [1], sigo a usar as taxas de crescimento no número de casos e de mortes. A primeira declinou, a segunda escalou (ver a figura que acompanha este artigo).

Vejamos os resultados mais recentes.

A taxa de crescimento no número de casos caiu de 0,6544% (31/1-6/2) para 0,5022% (7-13/2) – é uma boa notícia, sobretudo porque é a segunda queda consecutiva [2, 3].

A taxa de crescimento no número de mortes, por sua vez, subiu de 0,1212% (31/1-6/2) para 0,1388% (7-13/2) – o maior valor desde a segunda semana de agosto (9-15/8: 0,1492%). Mas o ritmo de crescimento parece ter arrefecido em relação ao que foi observado na semana anterior.

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FIGURA. Comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 6/6/2021 e 13/2/2022. (Para resultados anteriores, ver aqui.) Alguns pares de pontos são coincidentes ou quase isso. A elipse e a seta associada (em vermelho escuro) chamam a atenção para a escalada na taxa de mortes desde o início de 2022.

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3. CODA.

As médias semanais das taxas de crescimento (casos e mortes) estão a exibir trajetórias discordantes. A taxa de casos caiu pela segunda semana consecutiva (aqui), enquanto a de mortes continuou a escalar.

Esses desencontros (e.g., casos a declinar, mortes a escalar) não são novos nem únicos. Trata-se de um padrão recorrente. Tendo batido no teto, a trajetória da taxa de casos passa a declinar; duas ou três semanas depois, começa a declinar também a taxa de mortes.

A questão que se impõe para a sociedade brasileira seria então a seguinte: como fazer com que a taxa de casos siga em trajetória declinante? Em poucas palavras, reitero aqui o que escrevi em artigos anteriores [4]: (1) ampliar a vacinação; e (2) manter as medidas de prevenção (e.g., manter o uso da máscara, adotar o passaporte de vacina e evitar aglomerações).

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NOTAS.

[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.

[1] Ouso dizer que a pandemia chegará ao fim sem que a imprensa brasileira se dê conta de que está a monitorar a pandemia de um jeito, digamos, desfocado – além de burocrático e superficial. Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento – seja do número de casos, seja do número de mortes. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

[2] Entre 19/10/2020 e 13/2/2022, as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,43% (19-25/10), 0,40% (26/10-1/11), 0,30% (2-8/11), 0,49% (9-15/11), 0,50% (16-22/11), 0,56% (23-29/11), 0,64% (30-6/12), 0,63% (7-13/12), 0,68% (14-20/12), 0,48% (21-27/12), 0,47% (28/12-3/1), 0,67% (4-10/1), 0,66% (11-17/1), 0,59% (18-24/1), 0,57% (25-31/1), 0,49%(1-7/2), 0,46% (8-14/2), 0,48% (15-21/2), 0,53% (22-28/2), 0,62% (1-7/3), 0,59% (8-14/3), 0,63% (15-21/3), 0,63% (22-28/3), 0,50% (29/3-4/4), 0,54% (5-11/4), 0,48% (12-18/4), 0,4026% (19-25/4), 0,4075% (26/4-2/5), 0,4111% (3-9/5), 0,4114% (10-16/5), 0,4115% (17-23/5), 0,38% (24-30/5), 0,37% (31/5-6/6), 0,39% (7-13/6), 0,4174% (14-20/6), 0,39% (21-27/6), 0,27% (28/6-4/7), 0,2419% (5-11/7), 0,21% (12-18/7), 0,23% (19-25/7), 0,1802% (26/7-1/8), 0,1621% (2-8/8), 0,14% (9-15/8), 0,1444% (16-22/8), 0,1183% (23-29/8), 0,1023% (30/8-5/9), 0,0744% (6-12/9), 0,1625% (13-19/9), 0,0753% (20-26/9), 0,0775% (27/9-3/10), 0,0715% (4-10/10), 0,0454% (11-17/10), 0,0562% (18-24/10), 0,0532% (25-31/10), 0,0455% (1-7/11), 0,0505% (8-14/11), 0,0385% (15-21/11), 0,0412% (22-28/11), 0,0402% (29/11-5/12), 0,0302% (6-12/12), 0,0154% (13-19/12), 0,0165% (20-26/12), 0,0345% (27/12-2/1), 0,1472% (3-9/1), 0,2997% (10-16/1), 0,6359% (17-23/1), 0,7576% (24-30/1), 0,6544% (31/1-6/2) e 0,5022% (7-13/2); e (2) mortes: 0,3% (19-25/10), 0,26% (26/10-1/11), 0,21% (2-8/11), 0,3% (9-15/11), 0,29% (16-22/11), 0,3% (23-29/11), 0,34% (30-6/12), 0,36% (7-13/12), 0,42% (14-20/12), 0,33% (21-27/12), 0,36% (28/12-3/1), 0,51% (4-10/1), 0,47% (11-17/1), 0,48% (18-24/1), 0,48% (25-31/1), 0,44%(1-7/2), 0,47% (8-14/2), 0,43% (15-21/2), 0,48% (22-28/2), 0,58% (1-7/3), 0,68% (8-14/3), 0,79% (15-21/3), 0,86% (22-28/3), 0,86% (29/3-4/4), 0,91% (5-11/4), 0,80% (12-18/4), 0,66% (19-25/4), 0,60% (26/4-2/5), 0,51% (3-9/5), 0,45% (10-16/5), 0,43% (17-23/5), 0,40% (24-30/5), 0,35% (31/5-6/6), 0,4171% (7-13/6), 0,4175% (14-20/6), 0,33% (21-27/6), 0,30% (28/6-4/7), 0,23% (5-11/7), 0,23% (12-18/7), 0,20% (19-25/7), 0,1785% (26/7-1/8), 0,1613% (2-8/8), 0,1492% (9-15/8), 0,1367% (16-22/8), 0,1185% (23-29/8), 0,1062% (30/8-5/9), 0,07870% (6-12/9), 0,0947% (13-19/9), 0,0890% (20-26/9), 0,0840% (27/9-3/10), 0,0730% (4-10/10), 0,0539% (11-17/10), 0,0558% (18-24/10), 0,0513% (25-31/10), 0,0381% (1-7/11), 0,0430% (8-14/11), 0,0321% (15-21/11), 0,0377% (22-28/11), 0,0316% (29/11-5/12), 0,0277% (6-12/12), 0,0225% (13-19/12), 0,0156% (20-26/12), 0,0151% (27/12-2/1), 0,0196% (3-9/1), 0,0245% (10-16/1), 0,0471% (17-23/1), 0,0859% (24-30/1), 0,1212% (31/1-6/2) e 0,1388% (7-13/2).

Não custa lembrar: Os valores acima são as médias semanais de uma taxa que, por razões metodológicas, oscila ao longo da semana. Para fins de monitoramento, é importante ficar de olho nas taxas de crescimento (casos e mortes), não em valores absolutos. Considere uma taxa de crescimento de 0,5%. Se o total de casos no dia 1 está em 100.000, no dia 2 estará em 100.500 (= 100.000 x 1,005) e no dia 8 (sete dias depois), em 103.553 (= 100.000 x 1,0057; um acréscimo de 3.553 casos em relação ao dia 1); se o total no dia 1 está em 4.000.000, no dia 2 estará em 4.020.000 e no dia 8, em 4.142.118 (acréscimo de 142.118); se o no dia 1 o total está em 10.000.000, no dia 2 estará em 10.050.000 e no dia 8, em 10.355.294 (acréscimo de 355.294). Como se vê, embora os valores absolutos dos acréscimos referidos acima sejam muito desiguais (3.553, 142.118 e 355.294), todos equivalem ao mesmo percentual de aumento (~3,55%) em relação aos respectivos valores iniciais.

[3] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver referências citadas na nota 1.

[4] Vale frisar que o ritmo da vacinação caiu muitíssimo ao longo dos últimos meses. Levamos 34 dias (24/8-27/9) para ir de 60% a 70% da população com ao menos uma dose da vacina. (Hoje, 8/2, este percentual está em 81%.) Antes disso, porém, levamos 25 dias (9/7-3/8) para ir de 40% a 50% e apenas 21 dias (3-24/8) para ir de 50% a 60%. Sobre os percentuais, ver ‘Coronavirus (COVID-19) Vaccinations’ (Our World in Data, Oxford, Inglaterra).

Como escrevi em ocasiões anteriores, uma saída rápida para a crise (minimizando o número de novos casos e, sobretudo, o de mortes) dependeria de dois fatores: (i) a adoção de medidas efetivas de proteção e confinamento; e (ii) uma massiva e acelerada campanha de vacinação.

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