Puzzle
Carlos de Oliveira
1.
O sono
cresce como
se
uma anestesia
ténuescura
se
propagasse
do cérebro
pela rede nervosa
friamente
até aos dedos
e o tacto
dos homens
esquecesse
2.
as mulheres
em que o sangue
transporta
com
leveza
o esquema interior
duma árvore
à procura
de poros e ar
para florir
o sono
fazendo-as
esquecer
os homens
3.
e assim
as peças
do puzzle
deslembradas
de entrar
umas
nas outras
transformam-se
em rios paralelos
correm
lado a lado
toda a noite
no mesmo leito
estéril.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1968.
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