Basta de anarquia e ilusionismo, o combate à pandemia exige rigor e precisão
Felipe A. P. L. Costa [*].
RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas (mundiais e nacionais) a respeito da pandemia divulgadas em artigo anterior (aqui). Em escala planetária, já foram registrados 675 milhões de casos e 6,87 milhões de mortes; em escala nacional, 37,02 milhões de casos e 698,93 mil mortes. Máscaras e vacinas seguem sendo as melhores armas que nós temos para (i) manter as estatísticas em declínio; e (ii) impedir o surgimento de novidades evolutivas que venha a promover uma nova e repentina escalada dos números.
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1. ESTATÍSTICAS MUNDIAIS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.
Levando em conta as estatísticas obtidas na manhã de hoje (27/2) [1], eis um resumo da situação mundial.
(A) – Em números absolutos, os 20 países mais afetados [2] estão a concentrar 74% dos casos (de um total de 675.053.621) e 68% das mortes (de um total de 6.870.341) [3].
(B) – Nesses 20 países, 484 milhões de indivíduos receberam alta, o que corresponde a 96% dos casos. Em escala global, 653 milhões de indivíduos já receberam alta.
(C) – Olhando apenas para as estatísticas das últimas quatro semanas (= mês), eis um resumo da situação: (a) Em números absolutos, a lista segue a ser liderada pelos Estados Unidos, agora com 1,097 milhão de casos/mês; (b) Entre os cinco primeiros da lista, estão ainda o Japão (721 mil), Taiwan (488), Alemanha (372) e Coreia do Sul (346); o Brasil (226) segue na sétima colocação. Em todos esses países, com exceção da Alemanha, os números caíram em relação aos da semana anterior; e (c) A lista dos países com mais mortes segue a ser liderada pelos Estados Unidos (11,8 mil); em seguida aparecem Japão (4,63 mil), Alemanha (2,37), Brasil (2,17) e Taiwan (1,43). Nos três primeiros países, os números caíram em relação aos da semana anterior; nos dois últimos, subiram. (Lembrando ainda que houve um recrudescimento na China, meses atrás: nas últimas quatro semanas, foram anotadas por lá 3.399 mortes.)
2. ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS: SEMANA 20-26/2.
Ontem (26/2), de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, foram registrados em todo o país mais 952 casos e 1 morte. Teríamos chegado assim a um total de 37.024.417 casos e 698.934 mortes.
Na semana encerrada ontem (20-26/2), foram registrados 36.735 casos e 887 mortes. Em relação aos números da semana anterior, a primeira estatística caiu e a segunda subiu (13-19/2: 54.852 casos e 373 mortes).
3. QUATRO ANOS DE ANARQUIA E ILUSIONISMO.
A suspensão na divulgação das estatísticas diárias é, por si só, uma ideia ruim e inoportuna. Como comentei no boletim da semana passada (aqui), o Ministério da Saúde estaria disposto a suspender a divulgação diária das estatísticas brasileiras, já a partir dos primeiros dias de março.
O argumento usado – compreensível, mas nem um pouco justificável – é que apenas nove estados estão a divulgar suas estatísticas diariamente. (Tem governo estadual fazendo corpo mole há muito tempo, incluindo MG, DF e RJ, como chamei a atenção em inúmeros boletins anteriores.)
O governo federal não deveria se dobrar aos preguiçosos (leia-se: governadores dos estados que decidiram suspender a divulgação diária das estatísticas). Ao contrário, o Ministério da Saúde deveria fazer com que todos trabalhassem juntos em prol de uma política sanitária verdadeiramente integrada e consistente.
Chega de inércia. Chega de anarquia e ilusionismo. Pois foi isso o que o governo federal promoveu (entre outras coisas) nos últimos quatro anos. O reino da inércia administrativa precisa ser deixado para trás.
Além da volta de uma consistente campanha de vacinação em escala nacional (ver aqui), o governo federal deveria exigir rigor e precisão na divulgação das estatísticas por parte de todos os governos estaduais – de MG, o maior dos preguiçosos, a RR, o menor deles.
4. CODA.
Enquanto isso, nós, o povo, devemos ter em mente dois princípios: Máscaras e vacinas seguem sendo as melhores armas que nós temos para (i) manter as estatísticas em declínio; e (ii) impedir o surgimento de novidades evolutivas que venham a promover uma nova e repentina escalada dos números. (Lembrando que a vacina combate a doença, mas não impede o contágio. O que pode impedir o contágio é o uso correto de máscara facial.)
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NOTAS.
[*] Há uma campanha de comercialização envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.
[1] Como comentei em ocasiões anteriores, as estatísticas de casos e de mortes estão a seguir o painel Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA), enquanto as de altas estão a seguir o painel Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).
[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em 11 grupos: (a) Entre 100 e 110 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 40 e 45 milhões – Índia; (c) Entre 35 e 40 milhões – França, Alemanha e Brasil; (d) Entre 30 e 35 milhões – Japão e Coreia do Sul; (e) Entre 25 e 30 milhões – Itália; (f) Entre 20 e 25 milhões – Reino Unido e Rússia; (g) Entre 15 e 20 milhões – Turquia (estatísticas congeladas); (h) Entre 12 e 15 milhões – Espanha; (i) Entre 10 e 12 milhões – Vietnã, Austrália e Argentina; (j) Entre 8 e 10 milhões – Taiwan e Países Baixos; e (k) Entre 6 e 8 milhões – Irã, México e Indonésia.
[3] Nessas estatísticas (casos e mortes) estão computados os números da China. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver os volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver qualquer um dos três primeiros volumes.
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