A ilusão democrática: Quem manda no mundo, afinal?
F. Ponce de León.
Ainda sobre o imbróglio razão cínica (Petrobras) vs. senso crítico (Ibama).
Estamos a falar da maior empresa do país em briga contra o menor ou um dos menores orçamentos do governo federal. Não tem conversa. Pinga um trocado aqui, um dinheiro ali. Demite um, transfere outro. E pronto, o problema estará resolvido. Sempre foi assim. Por que seria diferente agora?
Em qualquer país do mundo, mas, sobretudo, em países culturalmente atrasados, os órgãos ambientais servem apenas e tão somente para emoldurar a sujeira. Mero enfeite. Mera perfumaria cujo propósito é entreter e esconder. É compreensível. Afinal, o mundo dos negócios nesses países se caracteriza por exalar um tremendo mau cheiro (sonegação fiscal, trabalho escravo etc.).
1. NEGÓCIOS SUJOS.
Quem manda no mundo são as corporações. E as petroleiras (Shell, Exxon, BP, Petrobras etc.) costumam encabeçar a lista das maiores corporações do mundo.
Veja a crise climática. O problema é conhecido há décadas. E há décadas que as petroleiras turvam a conversa e impedem a adoção de medidas minimamente efetivas. Em termos estritamente técnicos, o problema é mais ou menos óbvio e de fácil solução: menos sujeira na atmosfera.
Ocorre que, enquanto os estoques de combustíveis fósseis (petróleo, carvão etc.) forem rentáveis, as petroleiras seguirão a emporcalhar a atmosfera. Os desvalidos que se lasquem.
A julgar pelas recentes (e patéticas) declarações do presidente da empresa e, sobretudo, as do ministro de Minas e Energia contra o Ibama e o MMA, a Petrobras vai continuar agindo como agiu nos últimos seis anos: preocupada tão somente em encher de dinheiro o bolso dos acionistas (e dos graúdos da diretoria). A única novidade é que os órgãos ambientais tornaram a aparecer. Mas não serão ouvidos. E, caso sejam ouvidos, não serão obedecidos, não serão respeitados.
Tivesse de fato algum compromisso com a sociedade brasileira, a Petrobras estaria agora a renovar o seu corpo técnico. Há dentro da empresa um excesso de gente que pensa com o bolso – e.g., engenheiros e economistas. E há uma escassez de gente que pensa com o cérebro – e.g., cientistas. Diminuir esse desequilíbrio poderia significar o início de uma mudança real e substantiva.
Mas não vai acontecer.
Veja a crise climática. O problema é conhecido há décadas. E há décadas que as petroleiras turvam a conversa e impedem a adoção de medidas minimamente efetivas. Em termos estritamente técnicos, o problema é mais ou menos óbvio e de fácil solução: menos sujeira na atmosfera.
Ocorre que, enquanto os estoques de combustíveis fósseis (petróleo, carvão etc.) forem rentáveis, as petroleiras seguirão a emporcalhar a atmosfera. Os desvalidos que se lasquem.
A julgar pelas recentes (e patéticas) declarações do presidente da empresa e, sobretudo, as do ministro de Minas e Energia contra o Ibama e o MMA, a Petrobras vai continuar agindo como agiu nos últimos seis anos: preocupada tão somente em encher de dinheiro o bolso dos acionistas (e dos graúdos da diretoria). A única novidade é que os órgãos ambientais tornaram a aparecer. Mas não serão ouvidos. E, caso sejam ouvidos, não serão obedecidos, não serão respeitados.
Tivesse de fato algum compromisso com a sociedade brasileira, a Petrobras estaria agora a renovar o seu corpo técnico. Há dentro da empresa um excesso de gente que pensa com o bolso – e.g., engenheiros e economistas. E há uma escassez de gente que pensa com o cérebro – e.g., cientistas. Diminuir esse desequilíbrio poderia significar o início de uma mudança real e substantiva.
Mas não vai acontecer.
2. PETROBRAS VAI FURAR E PONTO FINAL.
Pode anotar: A Petrobras já tem a imprensa no bolso (boa parte dela, ao menos) e vai passar por cima do Ibama. E vai furar. Fura no Amapá, assim como fura no Acre, em Alagoas, Amazonas, Bahia... São 27 unidades da federação. A empresa fura onde quiser. Claro, teremos compensações. Por exemplo, cestas básicas para os ribeirinhos e programas de educação ambiental nas escolas do Amapá, mais um centro cultural no Rio de Janeiro e, quem sabe, mais uma exposição fotográfica do Sebastião Salgado a percorrer as capitais estaduais e algumas cidades ao redor do mundo. E pronto. Assunto encerrado.
No fim das contas, o que resta do episódio como lição é uma mensagem antiga: Esse papo de democracia – seja aqui, seja nos EUA, seja em qualquer outra ex-colônia – é um papo furado. É conversa fiada.
No fim das contas, o que resta do episódio como lição é uma mensagem antiga: Esse papo de democracia – seja aqui, seja nos EUA, seja em qualquer outra ex-colônia – é um papo furado. É conversa fiada.
No fim das contas, quem manda no mundo não são os eleitores. (Nunca foram eles.) Quem manda para valer no mundo são as corporações. (Digo: a classe dominante ou, se preferir, a turma do andar de cima, os endinheirados, os parasitas.) E ponto final.
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