13 fevereiro 2025

Herói anônimo

António Manuel Couto Viana

Concerta a rede da faina,
Como quem tece uma vida,
Ora agreste, ora florida,
Se o mar se encrespa ou se amaina.

Homem da minha Ribeira,
Busca o pão, dia após dia,
Ao Sol quente, à noite fria,
A bordo de uma traineira.

Vida rude! Nunca a deixe.
Sem ele, que é dele, o peixe?
Que é de nós? Miséria e fome.

Vendo-o a lidar, sem cansaço,
Louvo-o nos versos que faço.
... E nem sequer sei seu nome!

Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1998.

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