Basta de poesia
F. Ponce de León
Basta de poesia
de apartamento,
gerada no sofá,
em meio a pêlos
de gato, vapores
e xícaras de chá
(Chá ralo, sorvido
em goles barulhentos,
servido em pires,
ao lado de bolachas
quadradas, sem gosto)
Chega de poesia
escondida em
gavetas, inspirada
em paredes
mofadas e porta-
retratos nas estantes
(Porta-retratos que
ostentam fulanos
notórios ou notórias
influências – mortas,
vivas, outras nem tanto)
Chega dessa poesia
de repartição,
rica em truques
malabarismos, escrita
em letra miúda, sob
peso (morto) do concreto
(Concreto lapidado
com cinzel de ouro,
prêmio de um desses
festivais arranjados
e que chegou pelo correio)
Basta! Poesia é para
ser escrita ao ar livre,
enfrentando o sol,
a chuva, o vento frio
das montanhas e os
abismos de alto-mar
2 Comentários:
A complemetariedade logica deste poema, o seu sequitur, seria uma poesia ao ar livre...
yeah poesia é pra vida
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