Gnu atropelado
F. Ponce de León
Ontem à tarde,
um jovem gnu-azul
morreu nesta cidade.
Nesta maldita cidade.
Não foi de garras
e dentes, como tantas
vezes o é com seus amigos
e parentes africanos.
Depois de caído,
ainda foi atropelado
por um ônibus que
insistia na contramão.
O motorista passou
ostentando um sorriso
urbano, daqueles que se vê
quando o sarcasmo triunfa.
O gnu ficou bem aqui,
no meio da rua,
sobre este mesmo
asfalto quente e oleoso.
Só não há marcas, pois –
estranhamente – nenhuma
gota de sangue jorrou até que
o corpo reencontrasse a terra nua.
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