Minha Amazônia
Amaral Maia
Você tem o corpo macio demais
Um corpo com cheiro da mata
Você tem as crenças e as lendas cristais
E o verde no dorso da mata
E suas veias são rios tão cheios
Navegam seus barcos pesqueiros
E no seu ventre o que semeia dá
Minha Amazônia
Você tem no solo um segredo que faz
Roubar dos homens o sono e a paz
Você tem um brilho um mistério que traz
Um vento estrangeiro, bandeiras reais
Nas suas teias as estrelas ribeiras
Mosteiros que o mundo não viu
Bate em seu peito o coração do Brasil
Minha Amazônia
E lhe cravaram as lanças
Confundiram dialetos
E violaram crianças
E as matas virando desertos
Raras vitórias-régias
Léguas de doces águas
Filhos de uma história
Morrendo sem fama nem glória
Fonte: encarte que acompanha o LP do álbum Segredo do meu coração (1982), de Olivia Hime.
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