Na casa Avoenga
José Nêumanne
A nuca cansada apoiada
na palma aberta da mão,
os olhos míopes
do velho Chico Ferreira
escutavam o choro do sertão
no céu sem estrelas
da mais escura vastidão.
um sapo
um grilo
um rês
uma rã
Assim era o serão
na Fazenda Rio do Peixe,
de onde fui vindo.
Todo som que me vier
do bojo da rabeca de Bié,
como chuva na telha
e sabor de leite coalhado
com rapadura rapada
– eta emoção!
Fonte: Nêumanne, J. 2002. Solos do silêncio, 2ª edição. SP, Geração Editorial. Poema originalmente publicado em 1985.
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