19 agosto 2008

Não se deve responder à Matintaperera!

Rogério Andrade Barbosa

[...]
Conselhos, geralmente, não adiantam. As pessoas sempre acham que nada de ruim vai lhes acontecer. Mas, muitas das vezes, acontece.

Anunciada, como dizem ser toda mulher, era curiosa. Um dia, deixou o medo de lado, largou os livros na canoa e se aproximou, cautelosamente, da sinistra casa. O primeiro cuidado que ela teve foi se benzer. Após certificar-se de que o casebre, cheio de teias de aranha, estava vazio, murmurou uma prece especial que a mãe lhe ensinara e deu uma volta na chave enferrujada, que estava do lado de fora da porta carcomida pelos cupins.

A oração e a volta na chave, conforme os entendidos, a protegeriam das bruxarias e fariam com que a Matintaperera, se ela existisse de verdade, retornasse à forma humana.
[...]

Fonte: Barbosa, R. 2005.
Contos de encantos, seduções e outros quebrantos. RJ, Bertrand.

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