Sóror Saudade
Florbela Espanca
Irmã, Sóror Saudade me chamaste...
E na minh’alma o nome iluminou-se
Como um vitral ao sol, como se fosse
A luz do próprio sonho que sonhaste.
Numa tarde de Outono o murmuraste;
Toda a mágoa do Outono ele me trouxe;
Jamais me hão de chamar outro mais doce;
Com ele bem mais triste me tornaste...
E baixinho, na alma de minh’alma,
Como bênção de sol que afaga e acalma,
Nas horas más de febre e de ansiedade,
Como se fossem pétalas caindo,
Digo as palavras desse nome lindo
Que tu me deste: “Irmã, Sóror Saudade”...
Fonte: Espanca, F. 1996. Poemas de Florbela Espanca. SP, Martins Fontes. Poema – com a dedicatória “A Américo Durão” – originalmente publicado em 1923. Tanto o título do livro como o do poema comparecem entre aspas na edição original da obra; todavia, o uso contínuo sem aspas acabou por consagrá-los assim.
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