03 março 2009

A.

Alfonso Reyes

Tardes assim, já as respirei acaso?
Cabelos soltos, úmidos do banho;
Cheiro de granja, frescor de garganta,
Primavera toda ela flor e água.

Abriu-se a reixa e fomos a cavalo.
O céu era canção, carícia o campo,
E a promessa da chuva andava viva
E alegremente pelos altos cumes.

Tremia cada folha e era bem minha,
E eu também, de medo sacudida
Entre pressentimentos e relâmpagos.

Pulsavam entre nuvens as estrelas,
E o palpitar da terra nos chegava
Pelo tranco ligeiro do cavalo.

Fonte: Bandeira, M. 2007. Estrela da vida inteira. RJ, Nova Fronteira. Poema – originalmente intitulado ‘Tardes así...’ – datado de 1922.

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