O touro da morte
Rafael Alberti
Negro touro saudoso de feridas,
Chifrando-lhe à água azul suas paisagens
E revisando cartas e equipagens
Aos trens que partem rumo das corridas:
Que sonhas em teus cornos, que escondidas
Ânsias lhes arrebolam as viagens,
Que sistema de regos e drenagens
No mar ensaiam tuas investidas?
Nostálgico de um homem com espada,
De sangue femoral, gangrena feia,
Já ninguém há de deter-te o passo forte.
Corre, touro, ao oceano, investe, nada,
E a um toureiro de espuma e sal e areia,
Já que intentas ferir, fere e dá morte.
Fonte: Bandeira, M. 2007. Estrela da vida inteira. RJ, Nova Fronteira. Poema originalmente publicado – como parte de uma elegia, “Verte y no verte”, dedicada a Ignacio Sánchez Mejías – em 1935.
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