Nuvens
Guenádi Aigui
Nesta
aldeia de ninguém
trapos indigentes nas cercas –
teréns de ninguém.
E sobre elas nuvens de ninguém,
e adiante – anúncios sobre a infância:
crianças esquálidas, bravias;
e música sobre o nu
de mulheres hunas e citas;
e aqui, no leito, ao rés dos olhos,
algures, junto a pestanas úmidas,
alguém morria e chorava,
enquanto eu compreendia
de uma vez por todas – era
minha mãe.
Fonte: Schnaiderman, B. 1993. Aigui e a rosa do silêncio. Revista USP 18: 208-17. Poema originalmente publicado em 1960.
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