17 fevereiro 2010

Tão ontem

Scott Westerfeld

[Introdução]
Estamos por toda parte.

Vocês não pensam muito sobre nós porque somos invisíveis. Bem, não exatamente invisíveis. Muitos de nós têm o cabelo pintado de quatro cores, ou usam tênis com solado de dez centímetros, ou carregam tanto metal no corpo que pegar um avião se torna um desafio. Na verdade, somos bem visíveis, se pararem para pensar.

Mas não carregamos letreiros indicando o que somos. Afinal, se vocês soubessem o que pretendemos, não poderíamos realizar nossa mágica. Temos de observar tudo cuidadosamente para instigá-los e induzi-los de uma maneira que vocês não percebam. Como bons professores, deixamos que vocês acreditem ter descoberto a verdade por conta própria.

E vocês precisam de nós. Alguém deve guiá-los, moldá-los, garantir que hoje se transforme em ontem dentro do prazo. Porque, francamente, sem nós para monitorar a situação, quem sabe o que poderia ser enviado em suas cabeças?

Afinal, não é como se vocês pudessem simplesmente sair tomando suas próprias decisões.

*

Mas, se devíamos permanecer em segredo, por que estou escrevendo isto?

Bem, é uma longa história. É esta história que você tem nas mãos.

É sobre como conheci Jen. Ela não é uma de nós, nem uma de vocês. Está no topo da pirâmide, fazendo sua parte, em silêncio. Acreditem: vocês precisam dela. Todos precisamos.

Também é sobre os Arruaceiros, que, tenho certeza, existem mesmo. Provavelmente. Se forem de verdade, então são muito espertos. E têm grandes planos. São os vilões, aqueles que estão tentando derrubar o sistema. Querem tornar pessoas como eu redundantes, dispensáveis, ridículas.

Querem liberar vocês.

E a parte engraçada é que acho que estou do lado deles.

Certo. Chega de introdução? Vocês são capazes de prestar atenção por tempo suficiente para que eu faça isso direito? Já está na hora da atração principal?

Então vamos começar.
[...]

Fonte: Westerfeld, S. 2007 [2004]. Tão ontem. RJ, Galera Record.

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