O animal moral
Robert Wright
[Introdução]
A origem das espécies quase não fala da espécie humana. As ameaças representadas pelo livro – à narração bíblica de nossa criação, à crença reconfortante de que não somos meros animais – eram bastante evidentes; Charles Darwin não tinha nada a ganhar desenvolvendo-as. Quase no final do último capítulo apenas sugeriu que, através do estudo da evolução “se esclarecerá a origem do homem e sua história”. E, no mesmo parágrafo, arriscou que “em futuro distante” o estudo da psicologia “assentará sobre novas bases”.
Acertou quanto ao distante. Em 1960, 101 anos após o lançamento de A origem, o historiador John C. Greene fez a seguinte observação: “Com relação à origem dos atributos especificamente humanos do homem, Darwin ficaria desapontado ao descobrir que fomos muito além das especulações que ele próprio fez em The descent of man. Ele sentiria desânimo ao ouvir J. S. Weiner, do laboratório de antropologia da Universidade de Oxford, afirmar que se trata de ‘um vasto e intrigante tópico sobre o qual a nossa compreensão evolucionista continua insuficiente’... Na ênfase atual sobre a singularidade do homem como animal transmissor de cultura Darwin talvez percebesse uma tendência a retomar a idéia pré-evolucionista de que há uma diferença absoluta entre o homem e os outros animais.”
[...]
Fonte: Wright, R. 1996. O animal moral. RJ, Campus.
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