Ensinando a não nadar
Jorge Wanderley
Tome o tempo nas mãos,
este
pássaro molhado,
esta
vela que vacila e promete
e
espere,
o que é apenas deixá-lo em paz.
Não se pode garantir que algo se escute
ou venha de onde não havia, o bem, uma palavra,
mas
há-de alguma coisa acontecer de estranho
como
ficarem os rios a ver correrem as margens,
chegar ao fim o azul que nuvens inertes contemplam,
beijar teu nome um ferimento que temias.
(Única recomendação, o cuidado
para não sufocá-lo,
não deixar que escape
e de uma ou outra maneira ilumine os campos da noite.)
Fonte: Wanderley, J. 2001. Antologia poética. SP, Ateliê Editorial. Poema publicado em livro em 1974.
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