Afogamento
Geir Campos
Como um braço amigo, um braço de mar
– todavia indeciso entre sombra e cousa –
sobre meus débeis ombros pesados pousa,
trazendo o aviso para um novo zarpar
já sem naufrágio tocaiando a nau frágil.
Junto às caveiras dos marinheiros mortos,
o binóculo inventa (calidoscópio
nas sonolentas mãos dum fumante de ópio)
horizontais miragens de ilhas e portos:
ainda a vida, talvez, roça em mim – quando ágil
vou por ela descendo, sem mais barulho
que os ruídos comuns de um simples mergulho.
Fonte: Félix, M., org. 1998. 41 poetas do Rio. RJ, Funarte.
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