06 agosto 2010

Piteira cabocla

Eudoro Augusto

Puro dengo
sugas do céu azulengo
o sopro que dá musgo à pedra
o sabor que inquieta a língua
esforço apenas respirado.
Mas o vento meu anjo
tem gosto apressado.

A tarde ronrona
na goela do gato.

Passam anos passam dias
enquanto acendo o cigarro.
Passa sombra traço nome
voam aves de vertigem
corre um desejo rosnado.

O sono da gaivota é o seu vôo:
eu durmo e fica acordado.

Fonte: Hollanda, H. B., org. 2001 [1976]. 26 poetas hoje, 4ª edição. RJ, Aeroplano.


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