O quê, onde, quando, por quê – e como?
Daniel C. Dennett
Nossa curiosidade assume formas diferentes, como Aristóteles observou no alvorecer da ciência humana. Seus esforços pioneiros para classificá-la ainda fazem sentido. Ele identificou quatro perguntas básicas que gostaríamos de ver respondidas sobre qualquer coisa, e chamou as respostas de quatro aitia, termo grego na verdade intraduzível mas que a tradição, embora canhestramente, chamou de as quatro ‘causas’.
Podemos ter curiosidade em saber:
(1) de que matéria alguma coisa é feita, ou a sua causa material;
(2) que forma (ou estrutura, ou formato) essa matéria assume, a sua causa formal;
(3) o seu início, como ela começou, ou a sua causa eficiente;
(4) qual o seu propósito, meta ou fim (como em ‘Os fins justificam os meios?’), o seu telos como Aristóteles chamou, às vezes mal traduzido, como ‘causa final’.
É preciso fazer algumas adaptações para que esses quatro aitia aristotélicos correspondam às perguntas-padrão: ‘o quê, onde, quando e por quê?’ O ajuste nem sempre é bom. Perguntas que começam com ‘por quê’, entretanto, de fato querem saber sobre a quarta ‘causa’ de Aristóteles, o telos de uma coisa. ‘Por que isto?’, perguntamos. Para que serve? Como dizem os franceses, qual a sua raison d’être, ou razão de ser? Por séculos filósofos e cientistas têm reconhecido estes ‘porquês’ como problemáticos, tão distintos que o tema que eles levantam merece um nome: teleologia.
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Fonte: Dennett, D. C. 1998 [1995]. A perigosa idéia de Darwin. RJ, Rocco.
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