Que molesta lembrança, que cansada
Que molesta lembrança, que cansada
Fadiga é esta! vejo-me oprimido,
Medindo pela magoa do perdido
A grandeza da glória já passada.
Foi grande a dita sim; porém lembrada,
Inda a pena é maior de a haver perdido;
Quem não fora feliz, se o haver sido
Faz, que seja a paixão mais avultada!
Propício imaginei (é bem verdade)
O malévolo fado: oh quem pudera
Conhecer logo a hipócrita piedade!
Mas que em vão esta dor me desespera,
Se já entorpecida a enfermidade,
Inda agora o remédio se pondera!
Fonte: Costa, C. M. [1986?] Poemas de Cláudio Manuel da Costa. SP, Cultrix. Poema publicado em livro em 1768.
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