Contra a nova filosofia
François Aubral & Xavier Delcourt
[Prefácio]
Um vento novo de obscurantismo sopra sobre a cena de nossa sociedade em crise. “O cadáver de Deus”, ao que parece, “mexe-se ainda”, Moon e Monsenhor Lefebvre faturam, e gurus, tão convencionais quanto frustrantes, cativam um público falto de sortilégios, revelações e previsões. Madame Soleil distribui pelo rádio o pão cotidiano de seu otimismo piegas, enquanto Guy Lux e Philippe Bouvard partilham entre si as brincadeiras do circo. Os OVNI chovem do céu. Os extraterrestres entram no jornal falado. De todos os lados, parte-se em busca do desconhecido, do extravagante e do sensacional. Alguns esperam o êxtase ou sonham com a grande viagem. Outros querem reviver um estado de natureza imaginário e entregam-se a práticas higiênicas pretensamente ecológicas. Confusão por toda a parte.
Os meios de comunicação de massa, a poder de imagens e de comentários, amplificam a tal ponto esse concerto de matracas que se torna urgente discernir quais são os interesses políticos em jogo.
Nessa paisagem de feiticeiras e de magos, rádios e jornais funcionam como caixa de ressonância para um rumor vindo não se sabe de onde, anunciando o nascimento de uma suposta “nova filosofia”. Será que a filosofia, levada pela borrasca, acaba de se juntar ao cortejo dos anacoretas newlook? Para dizer a verdade, aqueles que trazem colado o rótulo “nova filosofia” parecem totalmente estranhos à filosofia contemporânea, aliás bem viva.
[...]
Fonte: Aubral, F. & Delcourt, X. 1979. Contra a nova filosofia. RJ, Paz & Terra.
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