21 dezembro 2011

A escola como organização complexa

Maurício Tragtenberg

A ocidentalização da cultura caminha a par com o desenvolvimento urbano, comercial e a necessidade de ‘letrados’ para darem andamento burocrático às estruturas de poder formadas em torno da Igreja e do Estado Moderno.

De um lado, o intelectual é domesticado no contexto das universidades ligadas à Santa Sé, de outro, com a emergência do jesuitismo, seu aprendizado passará pelo processo de organização e planejamento de estudos num espírito de obediência – é o sentido da Ratio studiorum de 1586.

No século 19, a expansão da técnica e a ampliação da divisão do trabalho, com o desenvolvimento do capitalismo, levam à necessidade da universalização do saber ler, escrever e contar. A educação já não constitui ocupação ociosa e sim uma fábrica de homens utilizáveis e adaptáveis.

Hoje em dia a preocupação maior da educação consiste em formar indivíduos cada vez mais adaptados ao seu local de trabalho, capacitados, porém, a modificar seu comportamento em função das mutações sociais. Não interessa, pelo menos nos países industrialmente desenvolvidos, operários embrutecidos, mas seres conscientes de sua responsabilidade na empresa e perante a sociedade global. Para tal constitui um sistema de ensino que se apresenta com finalidades definidas e expressas.
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Fonte: Tragtenberg, M. 1978. A escola como organização complexa. In: W. E. Garcia, org. Educação brasileira contemporânea: organização e funcionamento. SP, McGraw-Hill.

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