A um pescador
Salvador Díaz Mirón
Tua canoa no afã madruga:
No firmamento luz o arrebol;
A água se estende sem uma ruga,
E a vela branca na sua fuga
Furta alguns raios ao novo sol.
Entanto rompes em cantoria,
Que, inculta e pobre, nos faz chorar:
Escuto a ingênua melancolia
Do que, inseguro do pão do dia,
Enfrenta os riscos do incerto mar!
Canta! Medrosa nos seus pesares,
A mulherzinha dirá: Senhor!
Serena as ondas, clareia os ares...
Por estes filhos, guia nos mares
O pobre barco do pescador!
Fonte: Bandeira, M. 2007. Estrela da vida inteira. RJ, Nova Fronteira.
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