Petrópolis
Alberto Torres
Vagueio sem destino... os olhos preguiçosos,
Ora aqui, ora ali, pousando: sobre as flores,
Sobre as casas, o mato e os trilhos sinuosos
Que vêm sulcando à tarde exaustos lenhadores.
Pára o alto de um morro; entre os flocos nervosos,
Sobre a paisagem morta, os últimos fulgores
O Sol do estio lança, em raios vaporosos
Como sonhos de Luz sobre o sono das cores...
A meus pés, a cidade: as largas avenidas,
Os jardins, e, por entre as árvores, a gente,
Da qual a brisa traz as vozes, confundidas
À do rio que corre entre as pedras gemente...
E eu lanço, então, sobre eles estas rimas... perdidas
Flores que irão boiar, morrer sobre a corrente.
Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 5. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado em 1906.
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