23 agosto 2012

Cigarra

João Accioli

Nessa atitude plácida e brejeira,
o hemíptero boêmio não se cansa
de viver repetindo, a vida inteira,
a mesma toada para a mesma dança.

Eu comparo a cigarra a toda criança,
que só enxerga na vida uma clareira
de sonhos, de brinquedos, de folgança...
Sonhando ela é feliz. Desta maneira,

despreocupadas vivem as cigarras
em cada canto verde de floresta
estridulando lúbricas fanfarras.

Ouço mil sons de original concerto!
Cantam cigarras na capoeira, perto.
Cada arvoredo é um arraial em festa!

Fonte (com pequenos ajustes): Lenko, K. & Papavero, N. 1979. Insetos no folclore. SP, Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas. Poema publicado em livro em 1937.

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