Um zumbido dá-me a imensa
Um zumbido dá-me a imensa
alegria. Oiço os anéis
de ouro. O roseiral mostra-me
o seu sentido verdadeiro.
Não sei o que é o oculto.
Os espinhos são rosas.
Mudar as antíteses, criar
um grande espaço em volta
dos tímpanos. Não ter
fidelidade à Natureza. Que
insecto a rói? Uma página
tapa-a com celulose.
Abrem as cancelas de luz
da tipografia. As colméias
são arbustos. Não me surpreende
a mudança insignificante.
Foi assim que conheci
o mundo. Não digo que fossem
nomes simples. Logo que
a grande emoção com patas
ou um insecto representante
da Natureza chegou. Soube
que já haviam mudado.
Tornou-se difícil evitar
distinguir as dissemelhanças.
As figuras de estilística
não são figuradas. De dentro
da minha orelha posso extrair
a abelha dourada. Mas não desejo
sacrificar-me às metáforas.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1991.
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