A tentação da violência e da abstenção
André Trocmé
No
ponto a que chegamos, é necessário interromper nosso desenvolvimento
para tentarmos definir a alternativa em que se encontrava Jesus.
Já se tinha comprometido muito para poder recuar. Anunciava o Reino de Deus, inaugurado por um jubileu, o qual derrubava as tradições humanas e fazia vigorar a Lei de Moisés. Seus adversários procuravam a sua eliminação para impedir uma perigosa revolução. Não lhe restavam senão duas saídas: a resistência violenta a seus inimigos ou a fuga para o deserto, a tentação zelota ou a tentação essência.
Já se tinha comprometido muito para poder recuar. Anunciava o Reino de Deus, inaugurado por um jubileu, o qual derrubava as tradições humanas e fazia vigorar a Lei de Moisés. Seus adversários procuravam a sua eliminação para impedir uma perigosa revolução. Não lhe restavam senão duas saídas: a resistência violenta a seus inimigos ou a fuga para o deserto, a tentação zelota ou a tentação essência.
A tentação zelota
Os zelotas se preparavam
para [a] guerra de libertação contra Roma. Fariseus extremistas levantavam seus
punhais ora contra o ocupante, ora contra concidadãos suspeitos de moderação e
de colaboração. Foi só depois de ter eliminado um a um, pelo assassinato, os partidários
da colaboração com Roma, que eles acabaram por arrastar o povo inteiro a uma
guerra geral no ano de 66.
Ora, nós sabemos, havia
zelotas entre os discípulos de Jesus: um, chamado Simão, cognominado ‘o zelota’,
e, sem dúvida, Judas, o Iscariote.
É incontestável que Jesus
tenha sido tentado pelas soluções de poder. Antes mesmo do início de sua
atividade pública, encontramo-lo às voltas com tais tentações. Do alto de uma elevada
montanha, ele viu em espírito “todos os reinos do mundo e a sua glória”, e o Tentador
disse-lhe: “Dar-te-ei tudo isto, se, prostrando-te diante de mim, me adorares”.
Não se tratava, bem entendido, do encontro físico de duas pessoas, mas da luta
interior que se travava na alma do Messias. Jesus sabia que o poder miracuroso
que possuía lhe permitiria dominar o mundo se ele empregasse os meios em uso
entre os conquistadores: a força militar, o dinheiro, o prestígio e a glória,
mas ele descartou esta possibilidade: “Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás
ao Senhor teu Deus e só a ele servirás”.
No decorrer desta
primeira tentação, a visão do pão tinha exercido um certo papel. O pão de Deus
que permitiria matar a fome do mundo parece ter acompanho Jesus até o fim, uma
vez que lhe inspirou a instituição da Santa Ceia.
Um dia, na Galiléia, estando próxima a Páscoa (festa dos pães sem fermento), Jesus, tomado de compaixão pela multidão esfaimada, alimenta-a de um modo miraculoso. Os zelotas, entusiasmados, convencidos de ter enfim encontrado o Messias, quiseram vencer as resistências de Jesus e arrebatá-lo para fazê-lo rei. Jesus, porém, pela segunda vez, superou a tentação do poder. Escapou-se deles e retirou-se só para a montanha (Jo 6, 15).
[...]
Um dia, na Galiléia, estando próxima a Páscoa (festa dos pães sem fermento), Jesus, tomado de compaixão pela multidão esfaimada, alimenta-a de um modo miraculoso. Os zelotas, entusiasmados, convencidos de ter enfim encontrado o Messias, quiseram vencer as resistências de Jesus e arrebatá-lo para fazê-lo rei. Jesus, porém, pela segunda vez, superou a tentação do poder. Escapou-se deles e retirou-se só para a montanha (Jo 6, 15).
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