Que não se leve a sério este poema
Hilda Hilst
Que não se leve a sério
este poema
Porque não fala do amor,
fala da pena.
E nele se percebe o meu
cansaço
Restos de um mar antigo e
de sargaço.
Difícil dizer amor quando
se ama
E na memória aprisionar o
instante.
Difícil tirar os olhos de
uma chama
E de repente sabê-los na
constante
E mesma e igual procura.
E de repente
Esquecidos de tudo que já
viram
Sonharem que são olhos
inocentes.
Ah, o mundo que os meus
olhos assistiram...
Na noite com espanto eles
se abriram.
Na noite se fecharam, de
repente.
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