30 maio 2015

Que não se leve a sério este poema

Hilda Hilst

Que não se leve a sério este poema
Porque não fala do amor, fala da pena.
E nele se percebe o meu cansaço
Restos de um mar antigo e de sargaço.

Difícil dizer amor quando se ama
E na memória aprisionar o instante.
Difícil tirar os olhos de uma chama
E de repente sabê-los na constante

E mesma e igual procura. E de repente
Esquecidos de tudo que já viram
Sonharem que são olhos inocentes.

Ah, o mundo que os meus olhos assistiram...
Na noite com espanto eles se abriram.
Na noite se fecharam, de repente.

Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema publicado em livro em 1959.

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